O estudo analisa as ideologias linguísticas que subjazem dos metadiscursos das personagens de raça branca vs. raça negra no filme Invictus. São analisados os fenómenos lítero-musicais, linguísticos e extra-linguísticos, de natureza social, identitária, ideológica e cultural. O quadro teórico está assente na abordagem pós-colonial de Said (1996), modernista de Fairclough (2001), Gal & Irvine (2000; 2019), Woolard (2021), Heller & McElhinny (2017) e Bourdieu (2008). O problema que se coloca é o seguinte: que ideologias linguísticas subjazem dos metadiscursos das personagens de raça branca e negra no filme Invictus? Como são construídos e interpretados os discursos da personagem Morgan Freeman, com vista à construção de um Estado-nação anti-racial? A pesquisa é bibliográfica (Pessoa, 2012) e está integrada nos estudos sociolinguísticos e discursivos, tendo ideologias linguísticas e Estado-nação como referenciais teóricos. A discussão de dados seguiu o paradigma interpretativo (McKinley, 2020). Durante a análise do corpus, foi usado o método filológico, bem como as análises estilística, semiótica e hermenêutica. Assim, analisado e discutido o corpus, o estudo mostra que o imaginário, as representações socioculturais e as ideológicas envolvem a transformação da relação dum signo entre recursos linguísticos e as imagens sociais com as quais eles estão ligados. Os ritmos e as músicas reflectem o espírito de reconciliação e exaltação das diferentes culturas que caracterizam África do Sul. São notáveis os sons (cliques) de origem bantu, aspectos e características típicas e intrínsecas que atravessam as componentes fonético-fonológicas e morfossintácticas das línguas do grupo bantu. O compositor socorre-se de instrumentos tradicionais de que se cruzam vários aspectos identitários da cultura local, trazendo-se valores e símbolos socioculturais. Portanto, o estudo assume a prática discursiva de Madiba como ideológica, visto que é um discurso investido ideologicamente, que incorpora significações que contribuem para manter ou reestruturar as relações de poder, num contexto (Estado) totalmente dividido, racial e culturalmente.

Palavras-chave: Ideologias linguísticas, Invictus, Estado-nação e Discurso.