L GILLIS1; C MANHIÇA2*, C MONJANE2, S NHACHUNGUE2, A AMOUZOU2; A AKUM1, A KANTE2 e I MACICAME2

1 Johns Hopkins school of public Health

2 Instituto Nacional de Saúde de Moçambique; * Autor reponsável pelo artigo

Introdução

A hesitação em relação à vacinação se tornou um dos maiores desafios no combate à pandemia da COVID-19 em todo o mundo. A literatura existente inclui preocupações com o facto da vacina ser nova, segurança e possíveis efeitos colaterais como motivos para a hesitação. Com amplas variações dos níveis de aceitação da vacina entre diferentes países, são necessárias pesquisas para entender os factores específicos e contextuais que afectam a aceitação em relação a vacina da COVID-19.

Objectivos

Determinar os factores associados à vacinação contra COVID-19 entre mulheres em idade sexual e reprodutiva em Moçambique.

Métodos

Em 2022 foi realizada uma pesquisa transversal por telefone (RaMMPS) em 13,307 mulheres com idade entre 15 e 49 anos para testar o uso de entrevistas por telefone celular na recolha de dados sobre tópicos relacionados à gravidez, assistência ao parto e vacinação contra a COVID-19.

Resultados

Os resultados mostraram altas taxas de vacinação contra COVID-19 (84%) entre mulheres de 15 à 49 anos. Cerca de 13% das entrevistadas não vacinadas hesitariam em tomar a vacina COVID-19, se lhes fosse oferecida. Os principais motivos relatados para não tomar a vacina foram a aversão a agulhas (18%), preocupações com a segurança da vacina (17%), preocupações com a eficácia da vacina (7%) e razões médicas (7%). Encontramos uma associação significativa entre a aceitação da vacina e a idade, sendo as mulheres de 40-49 anos mais propensas a serem vacinadas quando comparadas àquelas com menos de 20 [odds ratio (OR)=6,42 ( 95% CI: 4,54-9,07)]. O parto intra-hospitalar também foi significativamente associada ao aumento da aceitação da vacina da COVID-19, [OR=2,15 (1,40-3,29)].

Conclusão

Para aumentar a cobertura vacinal contra a COVID-19 entre as mulheres em Moçambique, devem ser feitos mais esforços na vacinação de mulheres mais jovens e residentes nas províncias de Cabo Delgado, Tete e Zambézia.

Palavras chave: COVID–19, hesitação vacinal, pesquisa rápida.