Última alteração: 2023-08-08
Resumo
L.VILANCULO¹, J. SALENCIA², E. MACASSA², M. VETERANO¹, L. CHULO¹, I. BASÍLIO¹, O. NEVES¹, N. TACULA¹, E. MONTEIRO1, A. NHAVENE¹
1 Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo
2 Departamento de Pediatria do Hospital Central de Maputo
INTRODUÇÃO: A Criptococose é uma infecção fúngica que ocorre em todo o mundo, adquirida por inalação de leveduras encapsuladas de Cryptococcus neofarmans ou C. Gattii encontradas em solos contaminados. Comumente associada à infecção pelo vírus de imunodeficiência humana (HIV), e rara em imunocompetentes. O sistema nervoso central é o local mais comum de disseminação. Há poucos estudos disponíveis sobre criptococose disseminada em crianças imunocompetentes, tendo sido reportados casos isolados.
OBJECTIVO
Relatar um caso raro de criptococose disseminada numa criança HIV negativa.
MATERIAL E METÓDOS: Trata-se de relato de um caso de autópsia de criança de 13 anos, feminina, com antecedentes de internamento por meningite criptocócica foi tratada com fluconazol e também prednisolona no contexto do diagnóstico de esclerose múltipla. Reinternada, consciente, sem febre, com cefaleia intensa, diminuição progressiva da acuidade visual, dor lombar, incapacidade para caminhar e rigidez da nuca. Evoluiu com vertigens, cegueira bilateral, surdez, diminuição do nível de consciência e hipertensão refratária. A pesquisa de antígeno criptocócico foi positivo. O teste de Mantoux e de HIV foram negativos. Faleceu 10 dias após o internamento. A autópsia foi feita pela técnica de Rokitansky modificada, seguida de estudo macro e microscópico de rotina. A pesquisa de fungos foi feita pelo método de Grocott.
RESULTADOS: A autópsia revelou presença de leveduras encapsuladas, redondas com paredes celulares finas, disseminadas pelo cérebro, meninges, medula espinal, pulmões, rins e gânglios linfáticos. As colorações para fungos confirmaram a presença de criptococos. Presença de pneumonite intersticial, leucocitose sinusal hepática e necrose tubular aguda renal
CONCLUSÃO: No nosso meio, a criptococose é uma entidade rara em crianças imunocompetentes. Apesar da ausência de HIV, outras imunodeficiências, incluindo as primárias devem ser descartadas em casos semelhantes.
Palavras-chave: Criptococose disseminada, criança, HIV-negativo.