Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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AVALIAÇÃO DO EFEITO DO ESTÁGIO DE MATURAÇÃO DO FRUTO DA AMENDOEIRA, TERMINALIA CATAPPA (COMBRETACEAE) NA INFESTAÇÃO E CAPACIDADE REPRODUTIVA DA MOSCA DA FRUTA BACTROCERA DORSALIS (DIPTERA: TEPHRITIDAE)
Olivia da Dalva Ilidio Xlhate, Laura Canhanga, Bernardo Lazaro Muatinte

Última alteração: 2018-08-16

Resumo


Moscas da fruta (Diptera: Tephritidae) constituem uma grande ameaça ao sector de produção de fruta no mundo. A espécie Bactrocera dorsalis, introduzida em 2007 é a que mais causa prejuízos económicos em Moçambique, onde na manga podem atingir 94.0 % de perdas de fruta. Esta mosca pode se procriar também em hospedeiros com menor importância económica tal como a amêndoa (Terminalia catappa), na qual o ciclo de vida B. dorsalis é curto e com pupas de menor tamanho e peso. Neste trabalho foi avaliada efeito do estágio de maturação do fruto da amendoeira na capacidade reprodutiva, no peso e tamanho das pupas da mosca. Para o efeito, foram colhidos 156 frutos do chão e da arvore, dos quais 79 no estágio não maduro (cor verde) e 77 maduros (cor vermelha). No laboratório, cada fruto foi incubado de 3 a 7 dias para a a ocorrência da eclosão e extração de larvas, pupas e adultos. Os estágios de desenvolvimento extraídos dos frutos foram procriados em frutas de manga (controlo) para avaliar o seu potencial de produzir F1. Para além disso foram determinados, o peso tanto dos estágios eclodidos das amêndoas como dos resultantes de F1 das mangas, os níveis de infestação de pupas, a abundância relativa de adultos emergidos nos dois estágio de maturação das amêndoas. A proporção de machos e fêmeas também foi determinada em estágio de maturação das frutas. Os dados foram analisados usando o pacote Microsoft Excel 2010, as comparações entre as variáveis de estudo foram feitas com base no teste emparelhado t-estudent para tamanhos de amostras diferentes. O teste Qui-quadrado foi usado para determinar a relação entre as cores de frutas e as variáveis testadas. O índice de emergência de adultos foi elevado (63.5%/fruto) em amêndoas maduras do que nas verdes com 36.4%/fruto. As pupas eclodidas tiveram peso médio de 5g em todas as 156 frutas. Os níveis médios de infestação por kg de fruta foram de 198 pupas em amêndoas verdes e 225 em maduras. A proporção média de macho/fêmea foi de 1:1 nas duas cores de amêndoas. Assim, pode se concluir que o estágio de maturação das amêndoas teve efeito positivo sobre os níveis de infestação e no poder reprodutivo da mosca. Este feito expressou-se pelos níveis elevados de infestação e pela maior percentagem de adultos eclodidos em amêndoas no estágio maduro do que nas verdes. Porém o estágio de maturação das frutas não influenciou no peso medio das pupas e da proporção de machos e fêmeas de B. dorsalis. Estes resultados podem ser usados com base para considerar a amêndoa como um hospedeiro procriador e dispersor da mosca e por conseguinte elaborar estratégias de controlo desta praga baseada neste hospedeiro. Entretanto é necessário que mais pesquisas sejam feitas para saber o conteúdo nutricional dos frutos que pode influenciar a reprodução e desenvolvimento da mosca na amendoeira para além do estágio de maturação dos frutos.

 

Palavras-chave: Bactroceera dorsalis, Terminalia catappa, Moçambique