Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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INFLUÊNCIA ZOOGEOGRÁFICA E GENÉTICA NA CONSERVAÇÃO DO BÚFALO-AFRICANO EM MOÇAMBIQUE
Carlos Manuel Bento

Última alteração: 2025-07-17

Resumo


C. M. Bento¹² | P. E. Cardoso³ | R. D. Beilfuss⁴ | C. T. Chimimba¹⁵

¹ Mammal Research Institute (MRI), Department of Zoology and Entomology, University of Pretoria, Hatfield, South Africa, ² Museu de História Natural - Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Moçambique, bentomcarlos@gmail.com, ³ Bioinsight, Odivelas, Portugal, pauloeducardoso@gmail.com, ⁴ International Crane Foundation, Baraboo, Wisconsin, U.S.A., rich@savingcranes.org , ⁵ DSI-NRF Centre for Invasion Biology (CIB), Department of Zoology and Entomology, University of Pretoria, Hatfield, South Africa, ctchimimba@zoology.up.ac.za.

 

Introdução: O estudo analisa a influência das regiões biogeográficas de Moçambique na distribuição do búfalo-africano (Syncerus caffer caffer) e no desenvolvimento de estratégias de conservação. O declínio populacional, motivado pela perda de habitat e isolamento genético, evidencia a necessidade de medidas de translocação e restauração ecológica. Método: Os dados foram recolhidos através de levantamentos aéreos realizados entre 1994 e 2014, complementados por estudos sobre zoogeografia e genética. A modelação foi conduzida com o algoritmo MaxEnt, utilizando variáveis bioclimáticas e testando a multicolinearidade para garantir a fiabilidade dos resultados. A validação incluiu testes Jackknife e a análise da curva ROC (AUC). Resultados: As regiões de Niassa e Marromeu-Gorongosa apresentam condições favoráveis para populações estáveis, sendo adequadas para translocação. Por outro lado, Limpopo-Zinave-Banhine apresenta ocupação esporádica, necessitando de gestão para reforçar a conectividade. Tete e Maputo sofrem fragmentação severa causada pela expansão agrícola e urbana, comprometendo a viabilidade populacional da espécie. Do ponto de vista genético, Niassa e Marromeu-Gorongosa possuem maior proximidade genética, facilitando translocações bem-sucedidas, enquanto Tete e Limpopo-Zinave-Banhine registam baixa diversidade genética devido à fragmentação do habitat. Conclusões: Para mitigar os impactos do isolamento genético, as translocações devem prioritariamente envolver indivíduos de Niassa e Marromeu. Além disso, a criação de corredores ecológicos e a gestão estratégica das translocações são fundamentais para reforçar a resiliência da espécie e garantir a sua estabilidade populacional.

 

Palavras-chave: Biogeografia, Conservação, Genética populacional, Translocação.