Contextualização: A pesca artesanal tem afectado severamente os ecossistemas costeiros pelo número de praticantes, artes de pesca nocivas e ausência de modelos de gestão, factores que impactam negativamente a subsistência das pessoas e conservação dos recursos pesqueiros. Esta actividade é propensa a graves falhas no regulamento, monitoria e gestão devido a sua natureza de acesso aberto e isto resulta em falhas na avaliação do estado da actividade e das reservas de peixe, particularmente nos países em desenvolvimento como Moçambique. Objectivos: descrever a percepção dos pescadores artesanais sobre as mudanças nas reservas pesqueiras e sua percepcao sobre as leis e medidas de gestão de pescarias nos distritos de Mossuril e Ilha de Moçambique. Metodologia: foram realizadas 9 entrevistas a informantes-chave, 80 entrevistas individuais a pescadores e 4 discussões de grupos focais. A análise de dados foi feita usando a análise de correspondência. Resultados: os pescadores nativos e os que tem a pesca como a principal fonte de subsistência estiveram fortemente associados a opinião que as reservas pesqueiras tiveram declínios acentuados e como forma de manter os seus rendimentos 53,8 % aumentou o tempo de pesca e 40% a área de pesca. Os pescadores mais antigos e os que usam artes de pesca selectivas disseram que as medidas de gestão impostas por lei não são uteis enquanto que os pescadores a tempo parcial tiveram opinião favorável sobre a aplicação de períodos de restrição de pesca. 63% dos pescadores considera que o direito de decisão sobre as medidas de gestão a serem aplicadas na área de estudo deveria ser negociada entre o Governo os pescadores locais. Conclusões: no geral os pescadores têm a percepção que as reservas pesqueiras das principais espécies comerciais estão a esgotar e a principal causa citada foi o uso de redes de pescas com malhas inadequadas, as quais foram apontadas como responsáveis pela morte de ovos, juvenis e destruição dos habitats demersais.