Última alteração: 2025-07-30
Resumo
V.R. Tsembane¹, N. Givá¹, J. Bila¹²
¹ Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Universidade Eduardo Mondlane, Maputo, Mozambique;
² Centre of Excellence in Agri-food Systems and Nutrition – CEAFSN, Maputo, Mozambique
vilma.tsembane84@gmail.com; 3ngiva@gmail.com; jbilay01@gmail.com
Contextualização: O coqueiro é uma cultura multifuncional de importância vital para os agregados familiares, especialmente das zonas costeiras de Moçambique, desempenhando um papel central na segurança alimentar, geração de renda e nas práticas sócio-culturais. No entanto, a crescente incidência do Amarelecimento Letal do Coqueiro (ALC) tem ameaçado significativamente este papel e contributo nos meios de sustento das comunidades costeiras da Zambézia com destaque para o distrito de Maganja da Costa.
Objectivo: este estudo teve como objectivo analisar as percepções de homens e mulheres sobre o conhecimento do ALC e as estratégias de resposta adoptadas.
Metodologia: usando uma abordagem mista de recolha de dados, através de entrevistas semi-estruturadas com informantes chaves (produtores com acima de 30 anos de experiência, técnicos SDAE e gestores da empresa Madal), discussões em grupos desagregados por género e inquéritos a 140 produtores.
Resultados: os homens no geral estão mais envolvidos na produção do coqueiro, especialmente como trabalhadores da empresa Madal, e os resultados revelam que 34,6% das mulheres nunca ouviram falar do ALC, em comparação com apenas 5,1% dos homens. Apesar da sua exposição e conhecimento da existência do ALC, tanto os homens como as mulheres desconhecem a etiologia da doença pois nenhum produtor identificou corretamente os fitoplasmas como agentes causadores. A compreensão do vector como agente de disseminação é extremamente baixa, apenas 3,39% dos homens e 2,47% das mulheres têm esse conhecimento, na sua maioria (86,4% dos homens e 69,1% das mulheres) associam o amarelecimento foliar a danos causados pelo Oryctes. Práticas agronômicas recomendadas, como a erradicação de plantas infectadas e o uso de mudas certificadas, são conhecidas mas raramente implementadas por ambos sexos.
Conclusões: homens e mulheres na Maganja da costa têm níveis de conhecimento diferentes sobre o ALC, sendo os homens mais informados devido à sua maior ligação à produção do coqueiro. Ambos desconhecem as causas reais da doença e adoptam poucas estratégias eficazes, apesar de reconhecerem algumas recomendações técnicas.
Palavras-chave: Amarelecimento Letal, género, coco, resiliência comunitária