Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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CARACTERIZAÇÃO SOROLÓGICA E MOLECULAR DA HEPATITE B EM DADORES POSITIVOS NA CIDADE DE MAPUTO
Olga Bonifacio Maquessene, Osvaldo Laurindo, Lúcia Chambal, Nalia Ismael, Nédio Jonas Mabunda

Última alteração: 2025-07-04

Resumo


Introdução:

Globalmente, em 2022, apenas 13% das pessoas com hepatite B crónica foram diagnosticadas e 3% estavam em terapia antiviral. Em África, a Organização Mundial da Saúde registou 63% de novas infecções, com prevalência estimada em 6,5% e persistente baixa cobertura vacinal neonatal. Em Moçambique, a hepatite B é endémica, com prevalências entre 4,0% a 12% em diferentes grupos populacionais e com uma alta incidência de carcinoma hepatocelular.

Objectivo:

Descrever as características sorológicas e moleculares do vírus da Hepatite B em dadores de sangue, identificando genótipos, mutações e relações filogenéticas

Metodologia:

Foi realizado um estudo transversal entre Novembro de 2014 e outubro de 2015 no Banco de Sangue do Hospital Central de Maputo, com testes sorológicos e moleculares. As sequências de controle foram obtidas do GenBank, a genotipagem realizada utilizando HBVDB e a análise de resistência a medicamentos nas plataformas Stanford HBVSeq e HBV Geno2Pheno. Análises filogenéticas foram conduzidas no software RAxM e os dados analisados no SPSS, com nível de significância p < 0,05.

Resultados:

Dos 1502 doadores de sangue, a frequência de infecção foi de 4,5%. A maioria dos infectados 79,1% eram Homens, 55,2% tinham entre 25 a 39 anos e 89,6% dadores de reposição. Sorologicamente, 96,9% eram Anti-HBc positivos e 5,7% HBeAg positivos. A carga viral mediana foi de 1288,5 UI/mL, sendo que 43,8% apresentaram valores acima de 2000 UI/mL. A análise molecular mostrou que 94,3% eram genótipo A, subgenótipo A1 e análise filogenética revelou múltiplas introduções, com genótipos A1 e E relacionados a sequências de outros países africanos, europeus e asiáticos.

Conclusão:

Os resultados indicam uma presença significativa da Hepatite B entre dadores de sangue. Embora a ausência de mutações de resistência a medicamentos, a variabilidade genética observada reforça a necessidade de vigilância contínua e de estratégias eficazes de prevenção e controlo da hepatite na região.

Palavras-chaves: Hepatite; sorologia, dadores, diversidade.