Introdução: A raiva é uma zoonose viral grave de elevada letalidade, causada por um vírus do género Lyssavirus, transmitida principalmente por mordedura de animais infectados. Em Moçambique, a doença é endémica e representa uma ameaça aos animais e à saúde pública, agravada pela baixa cobertura vacinal, controlo ineficaz da população canina e subnotificação de casos. O diagnóstico clínico, aliado  aos achados post-mortem e confirmação laboratorial, é crucial para a vigilância da doença.

Objetivo: Descrever os achados clínico-patológicos de um caso de raiva em um cão doméstico encaminhado ao Laboratório de Anatomia Patológica da Faculdade de Veterinária e confirmado no Laboratório Central de Veterinária.

Metodologia: Um cão macho, de raça Maltês, com cinco anos de idade, foi atendido em clínica veterinária com sinais neurológicos como convulsões, salivação excessiva e espasmos, evoluindo rapidamente para óbito. Suspeitou-se inicialmente de intoxicação, e procedeu-se à necrópsia. Observou-se edema pulmonar com espuma na traqueia, fígado e mucosa gástrica avermelhados, hemorragias no íleo, rins com fibrose capsular e encéfalo com congestão vascular sugestiva de encefalite viral. Amostra do cérebro (Corno de Amon) foi submetida à Imunofluorescência Directa, teste considerado padrão ouro pela Organização mundial de Saúde e pela Organização Mundial de saúde Animal, confirmando a presença do vírus da Raiva.

Conclusões: Este caso destaca a importância da correlação entre os sinais clínicos, achados necrópsicos e confirmação laboratorial para a confirmação da raiva. Reforça-se o valor do diagnóstico post-mortem na vigilância epidemiológica, especialmente em regiões endémicas como Moçambique. Salienta-se a necessidade de implementação da estratégias preventivas eficazes como a vacinação regular de animais domésticos susceptíveis a Raiva  e a vacinação pré-exposição para profissionais de Medicina Veterinária e estudantes, como medida essencial de protecção contra esta zoonose letal.

Palavras-chave: Raiva canina, diagnóstico post-mortem, vigilância epidemiológica, Zoonose.