Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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Prevalência de zero dose e Factores Associados em Crianças dos 12-23 Meses em Moçambique, 2022-23
Edy Hortêncio Chissaque, Edmilson Eugenio Filimone, Alberto Paulo Junior, Esperança Lourenço Guimarães, Assucênio Hortêncio Chissaque

Última alteração: 2025-07-04

Resumo


Introdução: A imunização infantil é uma das intervenções mais custo-efetivas para reduzir a morbidade e mortalidade infantil. Apesar disso, Moçambique figura entre os 10 países com maior número de crianças “zero dose” — aquelas que, para fins operacionais, não receberam a primeira dose da vacina DPT. A falta de estudos nacionais sobre os factores associados limitam a elaboração de estratégias eficazes.

Objetivo: Analisar a prevalência de zero dose e os factores de risco associados em crianças de 12-23 meses em Moçambique.

Metodologia: Foram analisados dados da Pesquisa de Indicadores de Saúde (IDS-2022-23), nacionalmente representativa. Incluíram-se mulheres com filhos vivos de 12-23 meses. A vacinação foi confirmada por cartão de saúde ou relato verbal. Foram usadas estatísticas descritivas para resumir as características das crianças e a regressão log-binomial para estimar razões de prevalência (RP), ajustadas e não ajustadas.

Resultados: Foram analisadas 1.808 crianças, das quais 24,9% eram crianças zero dose. Após ajuste, observou-se maior prevalência de zero dose entre crianças do sexo feminino (RP = 1,30; IC95%: 1,08–1,57), pertencentes a famílias mais pobres (RP = 2,24; IC95%: 1,18–4,28) e pobres (RP = 1,99; IC95%: 1,01–3,93), que professavam a religião católica (RP = 1,42; IC95%: 1,02–1,98; p = 0,03), que residiam as províncias do centro e norte, cujas as mães não realizaram alguma visita pré-natal (RP=1,93; IC 95%: 1,38-2,70), as mães deram a luz em casa (RP=1,43; IC 95%: 1,11-1,84) e as mães não tinham cartão de saúde  (RP = 3,94; IC 95%: 2,94-5,26) ou tinham, mas não apresentaram (RP=4,33; IC 95%: 2,84-6,60).

Conclusão: É urgente priorizar políticas voltadas às populações mais vulneráveis. Investir no pré-natal, incentivar o parto institucional e promover o uso do cartão de saúde são medidas cruciais para ampliar a cobertura vacinal e proteger a saúde infantil em Moçambique.

Palavras-chave: Zero Dose, Criança, Factores associados, Moçambique