M. Rodrigues ^{1 *} e A. Mussagy ¹

¹ Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências, Universidade Eduardo Mondlane, Campus Principal, Av. Julius Nyerere 3453, Maputo 1102, Moçambique

* Autor correspondente: mery.bmr@gmail.com

Introdução: As mudanças globais referem-se às alterações no meio ambiente causadas por factores climáticos e antropogénicos com impactos significativos na saúde pública, na biodiversidade e nos serviços ecossistémicos. Os ecossistemas aquáticos como rios e lagos são sensíveis as mudanças globais porque estas mudanças podem alterar a qualidade da água e reconfigurar os grupos funcionais de ecossistemas aquáticos sobretudo os ecossistemas tropicais africanos. Estes funcionam como importantes reservatórios de dados sobre mudanças globais, oferecendo indicadores físicos, químicos e biológicos que ajudam a monitorar os impactos regionais e globais. A crescente influência de factores climáticos como a temperatura e a precipitação e antropogénicos como a poluição por nutrientes e a sobre-exploração de recursos hídricos têm afectado a qualidade da água e em cascata a estrutura e funcionamento dos organismos aquáticos desde o nível básico, do fitoplâncton, até o nível do topo que são os peixes piscívoros. A previsão das mudanças ao longo do tempo na qualidade da água, nas interações tróficas e a sua consequência na exploração pesqueira constitui um desafio devido a grande diversidade e complexidade dos sistemas aquáticos africanos pouco estudados. Objectivo: O estudo tem como objectivo determinar com recurso a indicadores biológicos, as mudanças que estão a decorrer nos Ecossistemas Aquáticos resultantes das mudanças globais. Metodologia: A revisão abrange pesquisas publicadas nos últimos 20 anos, com foco nas metodologias utilizadas para monitoramento da qualidade da água e da biodiversidade fitoplanctónica. Resultados: Os resultados indicam que ecossistemas aquáticos africanos são particularmente vulneráveis às mudanças globais, com impactos adversos na qualidade e quantidade da água, na biodiversidade aquática e na saúde das comunidades locais. Conclusão: Os ecossistemas aquáticos são vulneráveis as mudanças globais e os ecossistemas africanos estão a sofrer influencia negativa das mudanças globais através da redução do caudal da água, poluição e eutrofização da água importante para o uso doméstico, agricultura, pastorícia e indústria; e perda da biodiversidade aquática. O monitoramento sistemático e as estratégias de gestão adaptativa de ecossistemas aquáticos africanos são cruciais para fornecer dados necessários para a tomada de decisão e medidas preventivas e/ou de mitigação para a gestão de recursos hídricos face as mudanças globais.

Palavras-chave: Ecossistemas Aquáticos Africanos, Monitoramento de Ecossistemas Aquáticos, Poluição Aquática, Sentinelas Ambientais.