L. Matavela¹, N. Givá¹

¹Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Departamento de Economia e Desenvolvimento Rural, Moçcambique, Maputo arlinaspn@gmail.com

Contextualização: O empoderamento das mulheres (5º ODS) até 2030, é defendido como essencial para o avanço de metas como erradicação da pobreza, fome zero e agricultura sustentável. Evidenciando a relevância de índices eficazes para medir e monitorar o empoderamento. Cuja pretensão é desafiadora, pela natureza complexa e multidimensional, a utilização de indicadores indirectos, dados não decompostos e com pouca cobertura do sector agrícola. O Pro-WEAI surge como alternativa promissora, medindo o empoderamento das mulheres com base em dados individuais e foco na capacidade de agir. Objectivo: testou-se a eficácia do Pro-WEAI em captar diferentes dimensões de empoderamento nas associações beneficiárias do projecto “Do Campo ao Mercado”, com enfâse na sustentabilidade, inclusão social e de género em actividades produtivas no distrito de Magude. Metodologia: combinando abordagens qualitativas (entrevistas semi-estruturadas, discussões em grupos) e quantitativa (inquéritos), testaram-se 10 indicadores directos em 3 domínios de empoderamento (agência intrínseca, instrumental, colectiva) e 5 indirectos (idade, sexo, escolaridade, estado civil, religião) em 4 associações lideradas por mulheres, 1 por homem e 1 por ambos. Resultados: O Pro-WEAI global (0,82) indica inicialmente, um alto nível de empoderamento. Porém, ao ser desagregado por sexo, revela desigualdades de género significativas: 51% das mulheres são desempoderadas, contra 18% dos homens, sugerindo que o índice apresenta limitações na sua interpretação agregada. Desagregando-se pelas associações revelou variações na liderança, com grupos liderados por mulheres apresentando maior empoderamento. Testes estatísticos mostraram que o Pro-WEAI captou com precisão 7 indicadores directos relacionados à agência individual e instrumental. Contudo, apresentou fraco desempenho nos indirectos, apontando para fragilidades na captação de factores socioculturais e contextuais. Conclusão: o Pro-WEAI é um instrumento eficaz para monitorar o empoderamento, porém, sua aplicação em contextos específicos como de Magude necessita de mais ajustes para reflectir melhor as especificidades locais e as desigualdades de gênero.

Palavras-chave: Empoderamento, Pro-WEAI, Indicadores directos e indirectos