Última alteração: 2025-07-18
Resumo
Contextualização: Macroalgas marinhas costeiras são reconhecidas como bioindicadores eficazes da poluição por metais pesados devido à sua capacidade de bioacumulação. Contudo, poucos estudos comparam áreas sob influência antrópica com regiões relativamente preservadas, incluindo zonas com atividade de maricultura. Objectivos: O objetivo deste estudo foi realizar a caracterização química de seis espécies de macroalgas marinhas coletadas em áreas urbanas e rurais das regiões norte e sul de Moçambique, com foco na determinação dos níveis de metais pesados. A pesquisa visa avaliar os benefícios e limitações do potencial uso dessas macroalgas como suplementos em racoes para peixe tilapia. Metodologia: Seis espécies de macroalgas (Caulerpa racemosa, Eucheuma denticulatum, Kappaphycus alvarezii, Padina boryana, Sargassum elegans e Ulva pertusa) foram analisadas quanto à presença de iodo, cádmio (Cd), mercúrio (Hg), chumbo (Pb) e arsênio (As e iAs). Resultados: As concentrações de iodo variaram entre 14 e 334 mg/kg, sendo Sargassum elegans a espécie com maior teor, enquanto E. denticulatum e K. alvarezii apresentaram os menores valores (20 e 14 mg/kg, respectivamente), abaixo do limite de 10 mg/kg (base seca) recomendado pela União Europeia para rações completas, indicando sua segurança para uso em aquicultura. Os metais pesados apresentaram variações entre espécies: o cádmio esteve geralmente abaixo do limite de 1 mg/kg; o mercúrio foi mais baixo em algas verdes (0,12–0,18 mg/kg); o chumbo foi reduzido nas espécies vermelhas e castanhas, excepto em C. racemosa (até 2,7 mg/kg); e o arsênio inorgânico foi elevado em S. elegans (até 40 mg/kg), atingindo o limite máximo permitido. Conclusão: Conclui-se que, embora algumas espécies apresentem segurança para uso em rações, outras, como Sargassum elegans, requerem cautela devido ao alto teor de arsênio metaloide, especialmente em áreas impactadas por atividades humanas.
Palavras Chave: Macroalgas, Caracterização química, Aquacultura