Última alteração: 2025-07-22
Resumo
O emprego jovem é um dos desafios sociais e económicos mais urgentes em Moçambique, particularmente para as mulheres jovens. Com oportunidades limitadas de emprego formal, cerca de 85% dos jovens estavam envolvidos em trabalhos informais ou vulneráveis em 2022, incluindo trabalho doméstico não remunerado. Nestas circunstâncias, as instituições sem fins lucrativos desempenham um papel fundamental na oferta de emprego aos jovens em Moçambique.
Este estudo investiga a contribuição económica das instituições sem fins lucrativos para o emprego jovem em Moçambique, utilizando uma abordagem mista sequencial explicativa. Inicia com um inquérito transversal a 649 jovens (18 e os 35 anos) nas províncias de Maputo e Cidade de Maputo, seguido de entrevistas em profundidade com jovens e representantes das instituições sem fins lucrativos, bem como de grupos focais.
Os resultados indicam que as instituições sem fins lucrativos absorvem 43,2% dos jovens em idade economicamente activa (15 e os 34 anos) e contribuem com 6,1% para o PIB nacional, evidenciando a sua relevância na configuração dos mercados de trabalho. As organizações religiosas dominam o setor sem fins lucrativos, representando mais de 70% das instituições e empregam quase a metade da força de trabalho deste sector. As associações, que historicamente constituem os maiores empregadores de jovens, têm vindo a diminuir, enquanto as fundações mantêm alguma estabilidade. A elevada taxa de dependência em Moçambique (96,7% em 2020) e as persistentes desigualdades de género empurram mais jovens para o subemprego e dificultam o acesso equitativo ao trabalho digno. Embora um número crescente de jovens esteja a alcançar níveis mais altos de escolaridade, muitos continuam em empregos informais ou de baixa qualidade. Os resultados destacam não só o potencial destas instituições, mas também as limitações das instituições sem fins lucrativos na mitigação do desemprego juvenil. Embora ofereçam oportunidades de emprego imediato, especialmente quando os setores formais não respondem à procura, as instituições sem fins lucrativos não substituem intervenções políticas abrangentes que visam a criação de empregos estáveis, equitativos e dignos.
Palavras-Chave: Jovem, Moçambique, emprego, instituições sem fins lucrativos.