Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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CUSTOS DO AVC E QUALIDADE DE VIDA PÓS-ALTA HOSPITALAR: EVIDÊNCIAS DE UM HOSPITAL EM MAPUTO
Igor Samuel Dobe, Clifford Afoakwah Afoakwah, Simon Stewart Stewart, Ana Olga Mocumbi

Última alteração: 2025-07-08

Resumo


Introdução: O acidente vascular cerebral (AVC) é uma das principais causas de mortalidade e incapacidade no mundo, representando um fardo significativo para os pacientes e suas famílias. Em países africanos de baixa renda, como Moçambique, dados sobre os custos do AVC e a recuperação da qualidade de vida são limitados. Este estudo visa estimar os custos diretos e indiretos do AVC e avaliar a qualidade de vida relacionada à saúde no período pós-alta hospitalar.

Métodos: Estudo prospetivo de custo de doença conduzido num hospital público urbano de referência em Maputo, entre junho e dezembro de 2019. Foram recrutados consecutivamente 50 pacientes com AVC agudo. Os custos diretos foram calculados a partir dos registos médicos (internamento, medicação e exames). Os custos indiretos foram estimados através de entrevistas com os pacientes ou cuidadores durante a hospitalização e aos 28 dias após a alta, considerando perdas de produtividade segundo o tipo de emprego (informal, formal, pensionista, desempregado). A qualidade de vida foi avaliada com o questionário EQ-5D-3L.

Resultados: A mediana de idade foi de 61 anos (IIQ: 38–68), 56% eram mulheres e 44% apresentaram AVC hemorrágico. A mediana de internamento foi de 7 dias. A mortalidade em 28 dias foi de 20%. O custo direto total foi de $36.315,28 (mediana por paciente: $721,45). Custos não médicos variaram entre $12,59 (hospitalização) e $32,04 (pós-alta). A perda de produtividade foi maior no emprego informal. A qualidade de vida média (EQ-5D) foi de 0,514; 92,5% relataram ansiedade/depressão e 82,5% dor/desconforto.

Conclusão: O AVC representa um alto custo econômico e social em Moçambique, com impactos negativos na qualidade de vida. Políticas públicas devem priorizar estratégias de mitigação desse fardo.

Palavras-chave: AVC; custo hospitalar; qualidade de vida; Moçambique.