Introdução/contextualização: O distrito de Búzi é suscetível à ocorrência de cheias. Estas, por sua vez, têm sido associada, pelo senso comum, a presença e aumento da população de crocodilos, uma espécie que devido a sua natureza predadora, tem causado perdas de vidas humanas e animais por crocodilos, gerando assim conflito homem – fauna bravia. Objectivos: descrever os ataques homem-crocodilo, mapear zonas de ataques por crocodilos e relacionar as cheias e ataques por crocodilos. Metodologia: Base de dados referente a número de ataques e tipos de vitimas (mortes e feridos) entre 2008 e 2020 e mapas de ataques e uso e cobertura do solo foi obtido junto de informantes-chave, nomeadamente, serviços provinciais e distritais de ambiente, comité de gestão de risco e líderes comunitários. Adicionalmente, entrevistas semiestruturadas contendo perfil de conflito foram conduzidas a 79 chefes de agregados familiares consentidos. Os dados foram analisados com base na estatística descritiva. Resultados: Entre 2008 e 2020 foram reportados 42 ataques a humanos por crocodilos ao longo do rio Búzi, dos quais 32 ataques resultaram em mortes e 10 resultaram em feridos. As cheias ocorreram em 20008, 2014 e 2019, tendo resultado 11 morte e 1 ferido e os restantes ocorreram depois das cheias, sem, contudo, houver diferenças estatisticamente significativas (p = 0.792) no numero de ataques entre as duas épocas. Os ataques foram reportados como tendo ocorrido principalmente na época seca (53.2%, n = 79), sendo associados a frequência de rios e lagos para a busca de agua para consumo (95%) e banho (87%). Cerca de 42 crocodilos foram abatidos como parte de estratégia de gestão de conflito homem – fauna bravia. Conclusão: Os ataques a humanos por crocodilos no distrito de Búzi constituem uma preocupação local, provincial e nacional e exige uma observação meticulosa de estratégias de gestão de conflito homem – animal.

Palavras-chave: cheias, crocodilos, Búzi.