Última alteração: 2025-07-17
Resumo
Contextualização: Macroalgas marinhas costeiras são reconhecidas como bioindicadores eficazes da poluição por metais pesados devido à sua capacidade de bioacumulação. Contudo, poucos estudos comparam áreas sob influência antrópica com regiões relativamente preservadas, incluindo zonas com atividade de maricultura. Objectivos: Este estudo teve como objetivo avaliar os níveis de iodo e metais pesados em macroalgas coletadas em áreas urbanas e rurais das regiões norte e sul de Moçambique, com ênfase no seu uso como indicadores ambientais e na segurança de sua aplicação em rações para tilápia. Metodologia: Seis espécies de macroalgas (Caulerpa racemosa, Eucheuma denticulatum, Kappaphycus alvarezii, Padina boryana, Sargassum elegans e Ulva pertusa) foram analisadas quanto à presença de iodo, cádmio (Cd), mercúrio (Hg), chumbo (Pb) e arsênio (As e iAs). Resultados: As concentrações de iodo variaram entre 14 e 334 mg/kg, sendo Sargassum elegans a espécie com maior teor, enquanto E. denticulatum e K. alvarezii apresentaram os menores valores (20 e 14 mg/kg, respectivamente), abaixo do limite de 10 mg/kg (base seca) recomendado pela União Europeia para rações completas, indicando sua segurança para uso em aquicultura. Os metais pesados apresentaram variações entre espécies: o cádmio esteve geralmente abaixo do limite de 1 mg/kg; o mercúrio foi mais baixo em algas verdes (0,12–0,18 mg/kg); o chumbo foi reduzido nas espécies vermelhas e castanhas, excepto em C. racemosa (até 2,7 mg/kg); e o arsênio inorgânico foi elevado em S. elegans (até 40 mg/kg), atingindo o limite máximo permitido. Conclusão: Conclui-se que, embora algumas espécies apresentem segurança para uso em rações, outras, como Sargassum elegans, requerem cautela devido ao alto teor de arsênio inorgânico, especialmente em áreas impactadas por atividades humanas.
Palavras Chave: Macroalgas marinhas, Avaliação ambiental Segurança alimentar, Rações aquícolas