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AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE ECOLÓGICA DOS ECOSSISTEMAS NO CORREDOR DO LIMPOPO, MOÇAMBIQUE
Yara Saidia Ubisse

Última alteração: 2025-07-08

Resumo


AVALIAÇÃO DA VULNERABILIDADE ECOLÓGICA DOS ECOSSISTEMAS NO CORREDOR DO LIMPOPO, MOÇAMBIQUE

Y. S. A. Ubisse, A. Sitoe, H. Mabilana
Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Ciências, Departamento de Ciências Biológicas, Moçambique, Maputo

Universidade Eduardo Mondlane, Faculdade de Agronomia e Engenharia Florestal, Maputo, Mozambique

As regiões áridas cobrem aproximadamente 41% da superfície terrestre e abrigam cerca de 2,5 bilhões de pessoas, enfrentando vulnerabilidades intensificadas por mudanças climáticas e pressões humanas (Lizárraga-Mendiola et al., 2024). No contexto moçambicano, cerca de 3 milhões de pessoas vivem em zonas áridas e semiáridas, como o Corredor do Limpopo, onde a precipitação é escassa e os eventos climáticos extremos são frequentes (INE, 2015; MICOA, 2007). Essa região, situada no sul do país, é uma das mais afetadas por secas recorrentes e processos de degradação ambiental, agravados por práticas agrícolas insustentáveis, expansão urbana e mudanças no uso da terra (Kiehl, 2011; Du Toit et al., 2021). A consequência direta tem sido a perda de biodiversidade, a deterioração dos serviços ecossistémicos e o aumento da vulnerabilidade das comunidades locais (Munang et al., 2013; Zainab & Shah, 2024).
Este estudo teve como objetivo avaliar a vulnerabilidade ecológica dos ecossistemas no Corredor do Limpopo, com base nos componentes de exposição, sensibilidade e capacidade de adaptação. Especificamente, pretendeu-se mapear padrões espaciais, classificar os ecossistemas quanto ao nível de vulnerabilidade e identificar os sistemas mais em risco. Foi realizada uma análise espacial multicritério com base em dados geoespaciais para quantificar e integrar a exposição (variabilidade climática e pressão antrópica), sensibilidade (biodiversidade, biomassa e topografia) e capacidade de adaptação (resiliência dos ecossistemas e práticas de conservação). O índice de vulnerabilidade ecológica foi calculado com a fórmula V = (S × E) / CA. O processamento dos dados foi feito nos ambientes R e QGIS. O estudo revelou uma heterogeneidade espacial significativa nos níveis de vulnerabilidade. Ecossistemas localizados nas regiões norte e centro do corredor apresentaram maior sensibilidade e exposição, devido à ocorrência recorrente de secas e mudanças no uso da terra, enquanto a capacidade de adaptação se mostrou limitada. A integração dos indicadores espaciais permitiu identificar zonas prioritárias para a conservação. O estudo evidenciou que os ecossistemas mais vulneráveis se concentram nas áreas com elevada pressão antrópica e baixa capacidade adaptativa. As florestas abertas e savanas secas foram os sistemas ecológicos com maior risco. A metodologia aplicada permitiu gerar evidências cartográficas e analíticas úteis para o planeamento ambiental e a tomada de decisão. Os resultados reforçam a urgência de estratégias direcionadas à conservação das áreas críticas e à redução dos fatores de pressão no Corredor do Limpopo.

Palavras-chave: vulnerabilidade ecológica, Corredor do Limpopo, capacidade de adaptação, exposição, sensibilidade