Introdução: A interrupção voluntária da gravidez (IVG) tem sido recurso para o término de uma gravidez indesejada ou não planeada, apesar de potenciais riscos associados, incluindo infertilidade e morte materna. Saber que características têm as mulheres que fazem o aborto mostra-se importante para direccionar intervenções educativas. Assim, este estudo teve como objectivo analisar o perfil epidemiológico e clínico das mulheres atendidas no Centro de Saúde da Macia devido à interrupção voluntária de gravidez no período 2019 – 2023, no Distrito de Bilene, Província de Gaza.

Material e Métodos: trata-se de um estudo observacional, analítico, transversal com de recolha de dados feita nos livros de registo e fichas de consentimento informado preenchidos no período de janeiro de 2019 a dezembro de 2023. Os dados foram analisados com recurso ao software SPSS v26, testes de qui-quadrado foram realizados considerando o tipo de aborto e a contracepção após o procedimento como variáveis dependentes e as características sociodemográficas, clínicas e o histórico de contracepção constituíram as características independentes.

Resultados: Foram identificados 496 registos que tinham a idade média de 24.7 anos (desvio padrão 7.1 e variação de 13-53 anos) e 57% eram solteiras, residentes na Macia. Cerca de 51% das interrupções foram realizados entre a 5ª e a 8ª semana de gestação, na unidade sanitária de forma segura e 66% optaram por usar a contracepção após o procedimento. O uso da contracepção pós-aborto foi estatistícamente significativo quando relacionado com o estado civil (p=0,001; OR= 4,9 [2,8-8,8]), tipo de aborto (p<0,005; OR= 2,69 [1,3-6,61]) e os partos anteriores (p=0,003; OR= 2,9 [1,4-6,3]).

Conclusões: Os abortos foram realizados pelas jovens e adolescentes, solteiras residentes no Posto Administrativo da Macia. Esforços educacionais e intervenções para reduzir a gravidez devem ser implementadas com veemência.

Palavras chaves: Interrupção Voluntária da Gravidez, Aborto