Última alteração: 2025-07-04
Resumo
Introdução: A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca que os homens apresentam menor procura por cuidados de saúde, o que contribui para uma maior mortalidade masculina. Este estudo caracteriza os padrões de mortalidade masculina em Moçambique entre 2019 e 2023, analisando factores que influenciam o óbito e o acesso aos cuidados de saúde.
Metodologia: Análise transversal de 4.226 óbitos masculinos reportados pelo Sistema de Observação Comunitária em Saúde e Eventos Vitais (SIS-COVE) entre 2019 e 2023. Os dados foram recolhidos por Agentes Comunitários de Saúde e complementados por entrevistas de autópsias verbais e sociais. Análises estatísticas aplicadas no STATA 17.0 consideraram um nível de significância de 5%.
Resultados: Dos homens falecidos, 64,34% morreram em casa, sendo que 74,21% nas áreas rurais e percoriam mais de uma hora para chegar a uma unidade sanitária, enquanto nas áreas urbanas a maioria teve acesso as unidades sanitárias em menos de 30 minutos (p < 0,01). Nos quintis superiores de riqueza, 82% dos homens buscaram cuidados clínicos, comparado a 42% nos quintis mais baixos, onde 68,8% optaram por cuidados tradicionais e a morte em casa foi mais alta (35% contra 15%, p < 0,01). No que tange a educação, 78% dos homens com maior escolaridade buscaram cuidados formais, contra 45% entre os menos escolarizados (p < 0,01). Em ocupações formais, 85% buscaram cuidados, comparado a 50% em ocupações informais. A decisão de procurar cuidados de saúde foi tomada pelas esposas (31,78%).Consumidores de álcool (49,17%) e fumantes (26,48%) com menor adesão a cuidados formais e maiores taxas de óbito domiciliar.
Conclusão: Desigualdades socioeconômicas e geográficas impactam a procura por cuidados de saúde em homens, com maior mortalidade em áreas rurais e quintis baixos. Intervenções direcionadas são essenciais para melhorar o acesso e reduzir disparidades nos cuidados de saúde.
Palavras-chave: Mortalidade masculina, procura de cuidados de saúde, SIS-COVE, Moçambique.