Última alteração: 2025-07-18
Resumo
Introdução: Os impactos das alterações climáticas são particularmente desestabilizadores, sobretudo nos países em desenvolvimento, que apesar de contribuírem menos para a degradação ambiental, são os que mais enfrentam consequências negativas. Moçambique é considerado o sétimo (7º) país mais vulnerável do mundo com registo de 15 ciclones, 10 cheias e 4 secas nos últimos 25 anos. O sector agrícola familiar, geralmente dependente das condições climáticas tem sido um dos mais afectados. E, quando a agricultura é afectada, as repercussões atingem inevitavelmente outros sectores da economia. O Governo moçambicano e parceiros tem vindo a desenvolver várias políticas e estratégias com o objectivo de aumentar a resiliência e a capacidade de adaptação face às alterações climáticas, entretanto, o nível de adopção de estratégias de adaptação na agricultura continua baixo. Objectivos: este trabalho, tem como objectivo identificar e analisar os factores que influenciam a adopção de medidas de adaptação às alterações climáticas entre pequenos e médios agricultores em Moçambique. Metodologia: Os dados usados (TIAs e IAIs) são do Ministério da Agricultura e foram harmonizados por pesquisadores do Programa IGM, UEM e MPD cobrindo o período de 2002-2020. A análise é feita com recurso ao modelo de Tratamento de Heckman. Resultados: os resultados mostram que factores sócio-demográficos influenciam a adopção de estratégias de adaptação. Em particular, a educação do chefe do agregado familiar, a área cultivada, o número de campos de produção “machambas”, a posse de título da terra e o número de trabalhadores estão associados à prática de consórcio, pousio, rotação e rega. O acesso ao crédito está associado a prática do pousio, rotação e rega enquanto a extensão e a idade estão associadas a prática do consórcio, rotação e rega e ao pousio e rega, respectivamente. Conclusão: as políticas de adaptação devem levar em consideração factores socio-demográficos, em particular entre os mais vulneráveis.