Última alteração: 2025-07-17
Resumo
Cremilde Guerra¹, Isabel Maria Casimiro²
¹Universidade Eduardo Mondlane, Centro de Análise de Políticas, Faculdade de Letras e Ciências Sociais, Maputo, Moçambique, cremilde.guerra@uem.mz
²Universidade Eduardo Mondlane, Centro de Análise de Políticas, Faculdade de Letras e Ciências Sociais, Maputo, Moçambique, isabel.casimiro@uem.mz
Introdução/ContextualizaçãoNos cinquenta anos de independência de Moçambique (1975-2025), a institucionalização da adopção de crianças tem evoluído de práticas tradicionais de cuidado infantil para sistemas formais de protecção. Esta transformação reflecte a intersecção entre políticas sociais, diversidade cultural e desenvolvimento institucional no país. A adopção formal emergiu como uma resposta aos desafios sociais contemporâneos, incluindo a orfandade resultante do HIV/SIDA e mudanças socioeconómicas pós-independência, constituindo um fenómeno que merece uma análise profunda no contexto das transformações sociais moçambicanas.
ObjectivosAnalisar a evolução da institucionalização da adopção em Moçambique desde a independência até 2017, identificando factores socioeconómicos, culturais e legais que influenciam esta transformação e examinando as variações regionais nas práticas adoptivas entre as províncias de Nampula e Gaza no periodo entre 2007-2017.
MetodologiaUtilizou-se uma abordagem metodológica mista, combinando análise documental histórica e análise estatística de dados secundários. Foram examinados marcos legais, políticas institucionais e dados demográficos de 2007 a 2017, aplicando técnicas de análise de correlação de Pearson para estabeecer relações entre variáveis socioeconómicas e taxa de adopção formal.
ResultadosOs resultados evidenciam uma evolução significativa na institucionalização da adopção, marcada pela promulgação da Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da Criança em 2008 e subsequentes reformas institucionais. Identificaram-se variações regionais significativas entre Nampula e Gaza, reflectindo diferenças culturais e socioeconómicas. A análise estatística revelou uma correlação positiva moderada (r=0,67: p<0,05) entre indicadores socioeconómicos provinciais e adopção formal, com disparidades entre áreas urbanas e rurais. Observando incremento progressivo de 34% nas adopções formais no período analisado, concentrando proncipalmente em centros urbanos.
ConclusõesA institucionalização da adopção em Moçambique representa uma transformação complexa que equilibra práticas tradicionais com sistemas formais de protecção. Esta evolução reflecte o progresso institucional do país nos cinquenta anos de independência, embora persistam desafios na implementação uniforme e culturalmente sensível das políticas de adopção. A evidência estatística confirma a influência determinantes dos factores socioeconómicos na transicao transição para sistemas formais de adopção, sugerindo políticas deferenciadas por contexto regional.
Palavras-chave: adopção, institucionalização, Moçambique, independência, políticas sociais