Última alteração: 2025-07-04
Resumo
Introdução: Em Moçambique, existem políticas focadas na Saúde Escolar e na Saúde Sexual e Reprodutiva de adolescentes, visando melhorar as suas experiências de saúde. Contudo, pouco se sabe sobre os conhecimentos e as experiências menstruais das raparigas. Este estudo explora as percepções e práticas das raparigas sobre a higiene menstrual no ambiente escolar.
Objectivos: O estudo teve como objectivo geral compreender as percepções e práticas das raparigas em relação à higiene menstrual na escola. Foram analisados o perfil sociodemográfico das participantes, descritas suas percepções sobre higiene menstrual e, igualmente, analisada a influência dessas percepções na prática da higiene menstrual.
Metodologia: Foi conduzido um estudo qualitativo com entrevistas em profundidade realizadas com doze raparigas do distrito de Magude que já tinham a menarca. A abordagem construtivista, baseada na teoria fenomenológica de Schutz, guiou o estudo. Na análise dos dados utilizou-se a técnica de análise temática.
Resultados: As raparigas percebem a higiene menstrual como o cuidado com o corpo por meio de banhos regulares, troca de pensos higiénicos e lavagem da roupa íntima durante a menstruação. Embora pratiquem esses cuidados em casa, enfrentam dificuldades no contexto escolar devido à falta de acesso a água, saneamento e higiene adequados. Mesmo assim, mantêm a frequência escolar durante o período menstrual. O uso de pensos descartáveis é predominante entre as raparigas, fornecidos por familiares, enquanto o uso de pensos reutilizáveis ou pedaços de pano é raro.
Conclusões: As percepções das raparigas sobre a higiene menstrual são consistentes e, apesar da ausência de condições adequadas de água, saneamento e higiene nas escolas, as entrevistadas frequentam as aulas durante a menstruação. Portanto, o período menstrual não é uma condição sine qua non para o absentismo escolar das raparigas.
Palavras-chave: Menstruação, Gestão da higiene menstrual na escola, Raparigas