Última alteração: 2025-07-11
Resumo
Contextualização
O défice orçamental constitui um desafio macroeconómico persistente em alguns países. Em Moçambique, os défices permaneceram cronicamente elevados entre 2005 e 2023, atingindo um pico de 12,5% do PIB em 2014. Teoricamente, e de acordo com Mankiw (2015), o financiamento do défice orçamental pode aumentar as taxas de juro, no entanto, a literatura empírica, como referem Ussher (1998) e Shetta e Kamaly (2014), revela resultados ambíguos. A volatilidade observada na taxa de juro real em Moçambique no mesmo período sugeriu a necessidade de testar o efeito do défice orçamental sobre a taxa de juro real.
Objectivos
O presente estudo tem como objectivo geral analisar o efeito do défice orçamental sobre a taxa de juro real em Moçambique, no período de 2005 a 2023. Para atingir este objectivo, foram definidos os seguintes objectivos específicos: (i) identificar as principais formas de financiamento do défice orçamental em Moçambique; (ii) estimar os efeitos de curto e longo prazos do défice orçamental sobre a taxa de juro real; e (iii) testar a causalidade de Granger entre o défice orçamental e a taxa de juro real.
Metodologia
Foi adoptado um modelo Autorregressivo de Desfasagens Distribuídas (ARDD) complementado com o teste de causalidade de Granger, controlando a despesa do Estado e taxa de inflação.
Resultados
Os resultados indicam ausência de impacto no curto prazo, mas evidenciam um efeito positivo significativo no longo prazo. A relação de causalidade entre as variáveis revelou-se bidireccional.
Conclusões
Com base nos resultados empíricos, o estudo concluiu que o efeito do défice orçamental sobre a taxa de juro em Moçambique depende do horizonte temporal específico selecionado para a análise. No curto prazo, o efeito não é estatisticamente observável. No entanto, no longo prazo, o défice orçamental aumenta a taxa de juro real.
Palavras-chaves: Défice Orçamental, Taxa de Juro, Orçamento do Estado.