Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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AVALIAÇÃO ECOLOGICA DE FLORESTAS DE MANGAL DO DISTRITO DE GOVURO
Faustino César, Laura Chiluvane, José Rafael, Célia Macamo

Última alteração: 2025-07-18

Resumo


Introdução: Os mangais constituem um ecossistema único e um dos mais produtivos do mundo e fornecem uma série de bens e serviços. O mangal do Rio Save na província de Inhambane, Distrito de Govuro, é um dos mais importantes no Sul de Moçambique tanto em termo de extensão e também em termos de funcionamento ecológico. Entretanto, este ecossistema encontra-se ameaçado por factores antropogénicos e naturais (tempestades e ciclones) tendo sido atingido por cerca de 10 ciclones nos últimos 20 anos. Objectivos: Este estudo foi realizado com objectivo de avaliar a condição ecológica dos mangais no delta do Save no Distrito de Govuro, de forma a explorar opções de restauro e gestão para a conservação. Metodologia: Foram utilizadas imagens de satélite para mapear a distribuição florestal e detetar alterações durante um período de 22 anos, em campo foram estabelecidos quadrados de 10x10 nas partes externa, média e interna do mangal e foram recolhidos dados quantitativos estruturais. Resultados: Estimou-se cerca de 1.020 ha de mangais perdido entre 2000 e 2023, e uma expansão de 580 ha, mostrando uma variação líquida de -3,6% da área de mangal e uma taxa de desflorestação de 0,18 ha por ano. Ceriops tagal e Avicennia marina foram as espécies mais densas nesta floresta, com aproximadamente (densidade média ± erro padrão)1741 ± 198 árvores/ha e 1346 ± 237 árvores/ha, respetivamente. As árvores apresentam DAP que varia entre 0-10cm e o maior DAP foi observado nas espécies de mangais Xylocarpus granatum, com 8,32±2,82cm. A altura das árvores variou de 1 a 4 metros e as maiores alturas foram de L.racemosa e X.granatum. A.marina é a mais importante principalmente nas florestas de mangais. A floresta é constituída maioritariamente por árvores tortas (cerca de 70,18%). As árvores mortas e parcialmente cortadas apresentaram maior densidade na maioria dos locais amostrados com cerca de 889±168,4 árvore/ha e 906±189,5 árvore/ha respectivamente. A morte ocorreu como resultado do impacto do ciclone, mas também da dinâmica natural dos sedimentos da zona. Outras ameaças aos mangais incluíam a extracção de madeira, a conversão em salinas e a criação de gado. Conclusão: As florestas de mangal de Govuro, estão moderadamente degradas. Apenas as áreas de salinas abandonadas parecem ser adequadas para a restauração de mangais, uma vez que a sedimentação e o impacto dos ciclones não podem ser controlados. Além disso, aumentar a resiliência das florestas para que possam recuperar naturalmente parece ser a melhor opção para preservar estas florestas.

Palavras-chave: Mangal, Distrito de Govuro, Resiliência ecológica, estado das árvores.