Introdução: A tainha Mugil cephalus é uma espécie estuarina de ampla distribuição, com papel relevante nos ecossistemas costeiros tropicais e subtropicais, onde atua como elo intermediário nas cadeias tróficas. Em Moçambique, particularmente na província da Zambézia, o estuário do rio Mucelo abriga populações consideráveis da espécie, exploradas pela pesca artesanal. No entanto, ainda existem lacunas no conhecimento sobre sua ecologia alimentar, especialmente em ambientes sob intensa pressão pesqueira. A compreensão dos padrões alimentares e do papel ecológico desta espécie pode contribuir significativamente para o maneio sustentável e conservação dos recursos aquáticos locais. Objetivos: O estudo teve como objetivo geral investigar a biologia alimentar de M. cephalus no rio Mucelo. Especificamente, buscou-se identificar os itens alimentares consumidos, analisar o grau de repleção estomacal, calcular o Índice de Importância Relativa (IIR), avaliar a relação peso-comprimento e determinar o nível trófico da espécie por meio de modelagem ecológica. Metodologia: Foram analisados 200 indivíduos capturados entre maio e setembro de 2022. Foram obtidas medidas biométricas e amostras estomacais. Os dados foram analisados por frequência numérica, peso percentual e frequência de ocorrência, sendo o índice de importância relativa calculado a partir dessas medidas. Testes estatísticos foram realizados com o BioEstat, e o modelo trófico foi elaborado com o Ecopath with Ecosim (EwE). Resultados: A dieta incluiu cinco categorias: detritos, eufausiáceos, Penaeus indicus, microalgas e partículas não identificadas. Crustáceos representaram 77% do consumo. Estômagos parcialmente e moderadamente cheios foram os mais comuns. Houve variação na dieta das fêmeas conforme o estágio de maturação. A relação peso-comprimento indicou crescimento alométrico negativo (b = 2,4). A modelagem trófica revelou dependência de produtores primários. Conclusões: A tainha apresentou dieta diversificada e dependência de organismos de baixo nível trófico. O crescimento alométrico negativo reflete limitaas condições ambientais.

Palavras-chave:
Mugil cephalus, dieta alimentar, crescimento alométrico, modelagem trófica.