Introdução: A resistência antimicrobiana (RAM) é definida como a capacidade de microrganismos resistirem a medicamentos, representa uma grave ameaça global à saúde pública, agravada pelo uso inadequado de antimicrobianos, especialmente em países com acesso irrestrito a esses fármacos. Dados da OMS e do IHME destacam que a RAM causa milhões de mortes anuais, com projeções alarmantes para 2050, sendo Moçambique um dos países mais afetados, ocupando a 3ª posição em taxas de mortalidade na África Subsaariana. Este cenário exige políticas urgentes de controle e uso racional de antibióticos, principalmente em ambientes hospitalares.

Objectivo geral: avaliar o perfil de sensibilidade antimicrobiana de bactérias isoladas em hemocultura provenientes do Hospital Geral José Macamo.

Metodologia: É um estudo prospectivo, com abordagem quantitativa. A população de estudo é constituída por crianças de 0 a 14 anos. As amostras foram colhidas no Hospital Geral José Macamo e enviadas para o Laboratório de Microbiologia da Faculdade de Medicina da UEM para diagnóstico, onde foram incubadas em um sistema automatizado “BD Bactec FX40” e identificado o agente etiológico.

Resultados Preliminares: Dos isolados, 48% são bactérias Gram-negativas (-) e 52% Gram-positivas (+). As Gram- apresentam 78,1% de resistência, especialmente a cefalosporinas (Cefoxitina, Ceftazidima e Ceftriaxona); e 19,0% de sensibilidade. A percentagem de Gram+ com resistência foi de 63,4% e 35,7% de sensibilidade. A Klebsiella spp. e Staphylococcus coagulase negativa são as mais frequentes, com 57,1% das Gram- e 75,0% das Gram+, respectivamente.

Conclusão: O estudo evidencia altas taxas de resistência antimicrobiana, especialmente nas bactérias Gram-negativas. Esses resultados reforçam a necessidade urgente de políticas de controle de infecções e gestão racional de antibióticos no contexto hospitalar moçambicano, de forma a mitigar os impactos da RAM na saúde pública.

Palavras-chave: Resistências antimicrobianas, Hemoculturas, Hospital Geral José Macamo.