O fenómeno do catfishing, definido por Laura Klusaité como uma fraude digital em que um indivíduo cria ou assume uma identidade falsa na internet para ganhar a confiança da vítima e, posteriormente, enganá-la, tem se expandido globalmente, inclusive em Moçambique. Esta prática, embora não envolva necessariamente o roubo de identidade, acarreta consequências graves, como perdas financeiras, traumas emocionais e danos à reputação. O presente estudo teve como foco a análise dos factores que contribuem para a prática do catfishing no distrito de Mocuba, província da Zambézia, onde esse fenómeno é localmente denominado badú, sendo praticado pelos chamados badueiros.A investigação adoptou uma abordagem mista, com natureza exploratória e descritiva, envolvendo 300 participantes, dos quais 19 foram entrevistados e 281 inquiridos. Os dados qualitativos foram analisados com a técnica de análise de conteúdo e os quantitativos processados no software SPSS (versão 22). Os resultados indicaram que a maioria da população reconhece o badú como crime, mas uma parte significativa o justifica pela ausência de oportunidades económicas. A prática ganhou força entre 2015 e 2016, acompanhando o aumento do acesso à internet, e se sofisticou ao longo do tempo com o uso de perfis falsos, manipulação emocional e, em alguns casos, elementos místicos ou sobrenaturais. Constatou-se que a transição para vítimas estrangeiras está relacionada à percepção de maior rentabilidade e impunidade.

Palavras-chave: Catfishing; Badú; Fraude Digital; Mocuba.