Em termos introdutórios, a actividade dos guardadores de carros configura-se como uma estratégia de subsistência no circuito inferior da economia urbana de Maputo, onde a escassez de estacionamento formal e o desemprego elevam a procura por vigilância informal de veículos. Neste contexto, o objectivo central da pesquisa consiste em investigar as características da actividade dos guardadores de carros informais, com enfoque nas suas territorialidades, desafios e oportunidades no ano de 2021. A abordagem metodológica é qualitativa, baseada na realização de entrevistas semiestruturadas e observação directa, conduzidas com guardadores de carros na Rua Consiglieri Pedroso, cidade de Maputo. Os dados recolhidos foram submetidos à análise de conteúdo. Os resultados apontam que os guardadores são maioritariamente homens jovens, com baixa escolaridade, oriundos da região sul de Moçambique e chefes de família. Operam entre o início da manhã e o fim da tarde, arrecadando em média 200 a 300 meticais por dia. A territorialidade expressa-se pela presença constante, marcações visuais (coletes, panos, latas, etc.) e relações de confiança com residentes e condutores, garantindo exclusividade de actuação. Os principais desafios incluem a ausência de licenciamento, rendimentos irregulares, precariedade de condições e disputas territoriais. Por outro lado, há oportunidades com o aumento da procura, possibilidade de formalização e organização colectiva. Conclui-se que as territorialidades construídas revelam estratégias de apropriação urbana e resistência num cenário de exclusão, apontando para a urgência do reconhecimento legal e da integração desses actores nas políticas públicas de ordenamento urbano.

Palavras-chave: guardadores de carros, territorialidades, desafios, oportunidades.