Introdução: A criptococose aumentou devido ao HIV/SIDA, e a mortalidade é elevada na África Subsariana.

Objectivos: Explorar desafios no diagnóstico da criptococose em doentes infectados pelo HIV e avaliar oportunidades de re-introduzir a técnica da tinta da China usando a urina como uma alternativa acessível no contexto de recursos limitados.

Metodos: Realizou-se uma pesquisa transversal utilizando métodos mistos em seis hospitais do sul de Moçambique. Questionários e entrevistas individuais foram administrados a clínicos envolvidos nos cuidados e tratamento de pacientes com HIV/SIDA e a técnicos de laboratório, para compreender experiências, práticas e desafios, bem como oportunidades para re-introduzir a técnica da tinta da China usando a urina. Dados quantitativos foram analisados utilizando o programa estatístico SPSS, e os qualitativos analisados manualmente utilizando uma combinação de abordagens de análise temática e de conteúdo.

Resultados: Participaram no estudo 67 clínicos e 31 técnicos de laboratório. A idade média dos participantes foi de 35 anos e tinham pelo menos 5 anos de experiência professional (53,1%). Os desafios no diagnóstico e tratamento da criptococose estavam principalmente relacionados com 1) frequente escassez de testes rápidos de antigénio criptocócico, 2) falta de conhecimentos técnicos e de recursos para a colheita de líquido cefalorraquidiano e 3) frequente escassez de medicamentos antifúngicos. Relativamente às oportunidades para re-introduzir a técnica da tinta da China, todos os hospitais tinham disponibilidade de microscópios, clínicos e técnicos que reconheciam a necessidade de serviços de rastreio criptocócico e dispostos a apoiar a sua re-introdução.

Conclusões: A técnica da tinta da China é fácil de efectuar se houver formação adequada, e a tinta, bem como os outros recursos, estão disponíveis no País e podem ser facilmente adquiridos nos mercados locais. No contexto da indisponibilidade de outras técnicas, o teste da tinta da China é uma alternativa viável a considerar em locais com recursos limitados.

Palavras-chave: Criptococose, HIV, Diagnóstico laboratorial