Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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VARIABILIDADE E TENDÊNCIA CLIMÁTICA NAS ZONAS ÁRIDAS E SEMIÁRIDAS DO CORREDOR DE LIMPOPO
Bionidio Enoque Banze, Alberto Francisco Mavume

Última alteração: 2025-07-08

Resumo


Bionídio Banze1, Alberto F. Mavume1

1Departamento de Física, Faculdade de Ciências, Universidade Eduardo Mondlane, Avenida Julius Nyerere, 3453, Campus Universitário Principal, 257 Maputo, Mozambique

Resumo

Introdução/contextualização: As zonas áridas e semiáridas do Corredor de Limpopo (incluindo Moçambique, Zimbábue, África do Sul e Botswana) registram precipitações escassas e eventos climáticos extremos. Essas áreas dependem da agricultura de sequeiro e são vulneráveis a secas severas e cheias súbitas. O aumento de ondas de calor intensas e chuvas extremas reforça a urgência de estudar a variabilidade climática local.

Objectivos: O estudo analisa tendências de temperatura, precipitação e índices de extremos climáticos no Corredor de Limpopo (1980–2023) usando dados de reanálise ERA5. Pretende-se identificar mudanças significativas nessas variáveis e avaliar suas implicações para a resiliência dos ecossistemas locais e para a gestão de recursos hídricos e agrícolas.

Metodologia: Utilizaram-se dados diários de temperatura do ar e precipitação total da reanálise ERA5 (1980–2023). As séries foram agregadas em médias mensais e anuais. Aplicaram-se o teste de Mann-Kendall e o estimador de Sen para detectar tendências de temperatura e precipitação. Para caracterizar extremos, calcularam-se índices padronizados, como número de dias com temperatura máxima acima do percentil 90 ou dias de chuva intensa (≥20 mm).

Resultados: Os resultados indicam aquecimento significativo, com aumento da temperatura média anual e maior frequência de dias muito quentes (ondas de calor). Observou-se intensificação de extremos chuvosos (mais dias com precipitação ≥20 mm), enquanto a precipitação total anual declinou em parte do corredor. Essas alterações sugerem maior variabilidade pluviométrica interanual e risco elevado de eventos extremos.

Conclusões: As mudanças observadas podem comprometer a resiliência dos ecossistemas e agravar a gestão de recursos hídricos e agrícolas no Corredor de Limpopo. A intensificação de extremos (secas prolongadas e chuvas intensas) ressalta a necessidade de estratégias integradas de adaptação. Este estudo fornece subsídios para políticas de resiliência climática, enfatizando práticas sustentáveis de manejo hídrico e agrícola.

Palavras-chave: variabilidade climática, zonas áridas, extremos climáticos, recursos hídricos