Última alteração: 2025-05-13
Resumo
A mbira é um instrumento musical africano e se apresenta de formas diversas dentro e fora de Moçambique destacando os nomes chityatya/chitata em Cabo Delgado, Nampula e Niassa; Kansantse em Zambézia; mbira em Manica e Sofala; nsantse/kalimba em Tete; Marimba em Inhambane; e mbira ya xindawu em Gaza. Devido a estigmatização das artes musicais moçambicanas, alguns destes instrumentos musicais foram descontinuados e sobre os que sobreviveram existe pouca documentação atinente ao seu panorama histórico. Em Maputo desde, aproximadamente, o ano 2000 têm-se realizado actividades para a revalorização da mbira, mas que carecem de registos formais para uma compreensão científica. Este artigo apresenta um panorama histórico da prática da mbira em Moçambique, especialmente em Maputo, visando contribuir para uma melhor compreensão das artes musicais africanas na contemporaneidade. A pesquisa foi desenvolvida por meio da história oral que permitiu a imersão na prática da mbira e uma consequente identificação de pessoas, organizações, instituições, experiências e situações que caracterizam o seu cenário ao longo do tempo e espaço. A partir de lentes da Musicologia Histórica, a pesquisa aferiu que a prática da mbira em Maputo vem sendo estimulada por instituições como o Instituto de Investigação Sócio-Cultural, Escola de Comunicação e Artes da Universidade Eduardo Mondlane, Escola Nacional de Música, Academia Music Crossroads e o Projecto Xikhitsi, bem como a Televisão de Moçambique; Também têm contribuído para essa prática musical novos grupos de performance musical (bandas Licoloma, Likuti, Moticoma) e organizações civis sem fins lucrativos (Mukhambira, Xitata Luthier Africana, Waka Mbira, Modern Mbira e Festa de Mbira). É urgente desenvolver pesquisas em outras províncias para complementar a compreensão da história da prática da mbira em Moçambique e, sobretudo, trazer experiências de mulheres que têm contribuido, activamente, na construção, transmissão, execução e advocacia da mbira.