Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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Caracterização e mapeamento do regime e risco de queimadas no Parque Nacional do Gilé (Moçambique)
João Chibue Domingos, Natasha Sofia Ribeiro

Última alteração: 2025-07-17

Resumo


Domingos. J.C1, Ribeiro, N.S1,  Montfort, F2, Lisboa, S.N1,2, Mandlate, H1,  Govene, J1, Buramuge, V1, Fernando J.J1; Ribeiro-Barros, AI3, Senkoro, A1, Maquia, I1.

1Universidade Eduardo Mondlane, Departamento de Engenharia Florestal, Moçambique, Maputo, email: joaochibuedomingos@gmail.com

2 N'Lab, Nitidæ, France, Montpellier, email: f.montfort@nitidae.org.

3 Universidade de Lisboa, Instituto Superior de Agronomia, Lab. Associado TERRA, Centro de Estudos Florestais, Portugal, Lisboa, email: anaifribeiro@ued.ulisboa.pt.

Resumo

Introdução: O Parque Nacional do Gilé (PNAG), abrange o ecossistema de miombo e abriga uma rica diversidade de animais e plantas. Queimadas frequentes e intensas, predominantes no fim da estação seca, alteram significativamente a estrutura da vegetação, comprometendo a conservação deste importante ecossistema. Neste contexto, o mapeamento do regime e riscos de queimadas é primordial. Objectivo: Contribuir para o maneio de queimadas no PNAG, analisando os padrões de ocorrência e distribuicao espacial e temporal das queimadas no PNAG. Metodologia: Foram utilizados dados MODIS de fogos activos diários (MDC14ML) e áreas ardidas (MCD64A1), cobrindo o período de 2001 a 2023.  A caracterização do regime de queimadas centrou-se nos seguintes parâmetros: frequência de queimadas, intervalo  médio de retorno das queimadas, sazonalidade, extensão de área ardida, intensidade das queimadas. A severidade foi analisada através da plataforma Google Earth Engine (GEE), aplicando índices de incêndio como o NBR (Normalized Burn Ratio) e dNBR (differenced Normalized Burn Ratio), através do uso de imagens do sensor Landsat 8 OLI  para o período de 2014 a 2023. O mapeamento de risco  de queimadasvfoi realizado com o algorítmo random forest e usando variáveis ambientais e socioeconómicas como determinantes.  Resultados: Os resultados indicam que as queimadas  no PNAG iniciam em junho, com o pico entre agosto e outubro. Cerca de 60% da área do PNAG queima anualmente, especialmente nas regiões central-norte e leste, com densidade média de 206 focos/km². A intensidade média das queimadas foi de 36,24 Mw, com picos de 858,63 Mw em setembro de 2021, evidenciando prováveis impactos severos à regeneração natural da vegetação de miombo. Quanto à severidade, 56,51% da área sofreu queimadas de severidade média e 41,97% de média a alta severidade. Apenas 0,16% da área permaneceu não queimadas durante o periodo de estudo, destacando-se a necessidade de efectuar o maneio de queimadas na maior parte do parque. Factores determinantes das queimadas incluem baixa precipitação, radiação solar elevada, proximidade de estradas e actividades ilegais como a caça. Conclusão: este estudo ressalta a importância da detecção remota no maneio de queimadas e sugere dividir o PNAG em zonas para otimizar a gestão de fogo e combustível.

Palvaras Chaves: Intensidade de queimadas, densidade de queimadas, frequência de queimadas, risco de queimadas, factores de risco de queimadas.