Última alteração: 2025-06-30
Resumo
A arqueologia é um processo destrutivo (Beaudet e Elie 1991, Lucas 2001, Freeman 2015); tudo o que resta após uma escavação é a documentação (ou dados) que deve ser preservada como representação de um sítio que já não existe. As formas de dados podem ser qualquer coisa, desde coordenadas geográficas, desenhos, imagens, mapas contendo rotas de áreas prospectadas e sítios escavados, lista de unidades estratigráficas, bem como uma gama diversificada de informações sobre património cultural e cultura material contidas em relatórios de investigação, artigos científicos publicados, etc., todos os quais devem ser considerados como dados arqueológicos (Freeman 2015, Cook 2018, Previtali e Valente 2019).
Os trabalhos arqueológicos que vem sendo realizados desde o primeiro quartel do séc., renderam e rendem uma grande quantidade e diferentes tipos de dados arqueológicos, preservados em diversos formatos, como notas manuscritas, registos dactilografados, vídeos e informação geoespacial digital (dados SIG). Isto inclui também diferentes tipos de informação, tais como dados de locais e achados arqueológicos, incluindo dados arqueométricos (resultados de 14C; testes químicos do solo, arqueobotânicos e osteológicos, etc.). Estes dados contribuem para o estudo da pré-história local e para o desenvolvimento da gestão do património que visa consciencializar as comunidades para o seu passado como fonte de identidade e auto-condicionalidade (cf. Lane 2011).
Este objectivo só poderá ser alcançado se os dados arqueológicos produzidos forem partilhados com investigadores académicos, instituições de ensino, museus, bibliotecários, arquivistas, editores e financiadores de investigação que apoiem o desenvolvimento do conhecimento arqueológico. Dado que muitos dos dados arqueológicos no país são ainda inacessíveis ao público, esta lacuna de conhecimento e divulgação constitui um grande desafio para o futuro desenvolvimento da disciplina em Moçambique e a nível internacional.
Moçambique, Dados arqueológicos, Gestão sustentável do património cultural