Última alteração: 2025-07-18
Resumo
A crescente necessidade de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e mitigar os impactos ambientais impulsiona a busca por fontes de energia renováveis, sendo o bioetanol uma alternativa viável e sustentável. Em Moçambique, grande parte da população rural ainda depende de lenha e carvão vegetal para suprir suas necessidades energéticas, contribuindo para o desmatamento e emissões de CO₂, o que reforça a necessidade de alternativas energéticas limpas e acessíveis. O presente estudo tem como objectivo avaliar o potencial energético do bioetanol produzido a partir de cascas de mandioca, analisando seu rendimento, propriedades físico-químicas e aplicabilidade energética. A metodologia envolveu a colecta e caracterização da matéria-prima, passando por etapas de pré-tratamento, hidrólise ácida com ácido acético, fermentação com Saccharomyces cerevisiae, destilação e caracterização do bioetanol em termos de densidade, teor alcoólico, pH, aspecto, cor e poder calorífico. Os resultados demonstraram um rendimento de 0,105 ml/g (105l/ton), um teor alcoólico de 94,92% (v/v) e densidade de 815,11 kg/m e um poder calorífico de 19,26 kJ/g, inferior aos valores de referência devido a perdas térmicas associadas ao método de calorimetria de copo, sugerindo a necessidade de técnicas mais precisas, como a calorimetria de bomba. Conclui-se que, embora o rendimento obtido tenha sido inferior ao reportado na literatura, o bioetanol produzido apresenta viabilidade para uso energético, especialmente para iluminação e cocção em comunidades rurais sem acesso à electricidade, pelo que a adopção dessa fonte energética pode reduzir a dependência de combustíveis sólidos, mitigar emissões de CO₂ e minimizar os impactos ambientais associados ao desmatamento, reforçando a importância do aproveitamento de resíduos agrícolas para a produção de biocombustíveis como parte da transição energética sustentável em Moçambique.
Palavras-chave: bioetanol, cascas de mandioca, potencial energético e sustentabilidade.