Conferências UEM, XIII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM: 50 anos de Independência de Moçambique

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A SEMENTE POÉTICA DA LIBERTAÇÃO: LITERATURA E A GÊNESE DO NACIONALISMO EM MOÇAMBIQUE
Elves Manuel Macamo

Última alteração: 2025-05-07

Resumo


Este artigo explora o papel fundamental da literatura, poesia e oralidade moçambicana na disseminação de ideias nacionalistas, resistência cultural e na formação de uma identidade coletiva anti-colonial durante o processo de descolonização. A literatura moçambicana, especialmente através das obras de escritores influentes, tornou-se um poderoso instrumento de mobilização e conscientização das massas, inspirando a luta pela independência e a construção de uma nação livre. O estudo analisa obras de autores moçambicanos como José Craveirinha, Noémia de Sousa e Luís Bernardo Honwana, que utilizaram suas palavras para expressar a dor da opressão colonial e a esperança de um futuro livre. A poesia de Craveirinha, por exemplo, é emblemática na forma como mistura tradições africanas com a resistência política, criando uma linguagem poética que reflecte a realidade moçambicana. Da mesma forma, a prosa de Honwana em “Nós Matámos o Cão-Tinhoso” oferece uma visão crítica da sociedade colonial e seus impactos sobre o povo moçambicano. Além da literatura escrita, a oralidade desempenhou um papel crucial na preservação e disseminação de histórias e tradições que reforçaram a identidade cultural e a resistência anticolonial. As tradições orais, como as histórias contadas pelos griots, serviram como meio de transmissão de valores, esperanças e a determinação para lutar pela liberdade. E por último busca destacar como a literatura e a oralidade foram não apenas ferramentas artísticas, mas também políticas, que contribuíram significativamente para a construção do nacionalismo em Moçambique. Através de uma análise aprofundada das obras literárias e das tradições orais, o estudo demonstra como esses elementos culturais plantaram as sementes da independência e moldaram a identidade nacional moçambicana.