Última alteração: 2023-08-01
Resumo
Moçambique é um país altamente vulnerável às alterações climáticas, ocupando o 11º lugar entre os países mais vulneráveis do mundo, o 9º em África e o 3º na África Austral. Este projeto de pesquisa é um estudo antropológico sobre como as comunidades se adaptam às mudanças climáticas. Com base numa pesquisa etnográfica no distrito de Magude, o estudo procurou entender como as pessoas locais experimentam e interpretam eventos climáticos extremos e como as respostas a esses eventos climáticos são integradas em suas práticas diárias de subsistência. Especificamente, a pesquisa explora as perceções e entendimentos da população local sobre as alterações climáticas, examina o seu impacto nos seus meios de subsistência e analisa as novas estratégias de vida que os actores locais empregam para lidar com eventos climáticos extremos. Em última análise, a pesquisa tenta entender até que ponto as populações locais percebem, resistem, mediam e/ou se adaptam aos impactos dos eventos climáticos. Os resultados mostram que agricultura e criação de gado são os principais meios de subsistência do distrito e são fortemente afectados pelos efeitos das mudanças climáticas. Cheias, mas sobretudo as secas constituem os principais eventos climáticos que forçam as comunidades a adoptarem diversas medidas, desde extremas, provisórias ou definitivas, para manutenção da sua sobrevivência. A escassez e irregularidade das chuvas são muitas vezes interpretados com recurso à religião e ao conhecimento local. A pesquisa conclui as mudanças no clima também alteraram profundamente os aspectos sócio económicos e culturais das comunidades de Magude.
Palavras Chave: Mudanças climáticas, Agricultura, Pastorícia, Seca.