A cidade de Maputo alberga mais de um milhão de habitantes que produzem diariamente cerca de 1,100 toneladas de resíduos sólidos, o que significa que, em média, cada habitante produz diariamente cerca de 1 kg de lixo.

Do lixo produzido, 700 toneladas são depositadas diariamente na lixeira de Hulene B. Entretanto, 400 toneladas de lixo, cerca de 40% do lixo total, não chega ao depósito final devido à falta de recursos para a sua recolha e tratamento. Uma parte substancial de lixo reciclável que não chega à lixeira de Hulene é recolhido por catadores compostos maioritariamente por desempregados e pessoas sem abrigo. Com base na revisão de literatura, análise documental, observação não participante e entrevistas, este artigo analisa o contributo dos catadores de lixo sem abrigo na gestão do lixo e preservação ambiental na cidade de Maputo. O artigo argumenta que, contrariamente ao entendimento generalizado de que as pessoas sem abrigo são nocivas à sociedade, um olhar ao seu contributo na recolha de lixo mostra que eles contribuem inconscientemente, mas de forma significativa na gestão sustentável do lixo na cidade de Maputo. O artigo conclui que, a par dos agentes municipais e organizações da sociedade civil, os catadores de lixo sem abrigo fazem parte de vários actores a tomar em consideração na planificação da gestão de lixo na cidade de Maputo

Palavras chave: Meio ambiente, lixo, sustentabilidade, subsistência