Introdução

As doenças diarreicas constituem a mais frequente manifestação das doenças transmitidas por alimentos, sendo responsáveis por cerca de 17,5 a 21% de todas as mortes em crianças menores de 5 anos nos países em desenvolvimento, equivalente a 1,5 milhões de mortes por ano. Em África, cerca de 696 milhões de casos e 9,6 milhões de episódios graves de diarreia ocorrem entre crianças nessa faixa etária. O diagnóstico laboratorial é importante para o mapeamento dos agentes etiológicos circulantes em determinado local e, na vigência de surtos, para orientar as medidas de prevenção, tratamento e controlo. Uma das consequências de doenças diarreias é a desnutrição, sobretudo em diarreia persistente a crónica que pode comprometer vários órgãos pelo resto da vida.

Objectivo

Este estudo teve como objectivo, avaliar o perfil clínico e estado nutricional das crianças menores de 5 anos com diarreia, atendidas nos centros de saúde Primeiro de Maio e Marracuene.

Métodos

Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo transversal que segue crianças menores de 5 anos identificadas com diarreia nas unidades sanitárias de Marracuene e primeiro de Maio. A recolha de dados decorreu entre Janeiro de 2021 e Fevereiro de 2022 e incluiu a recolha de amostras de fezes que foram testadas no laboratório do INS em Marracuene. A análise de dados foi feita usando o pacote estatístico SPSS 21.

Resultados

Foram incluídas ao todo 329 crianças com idade que variou de 2 a 59 meses, dos quais 37.7% tinham idade entre 0 e 11 meses e 35.3% entre 12 e 23 meses. Mais da metade das crianças eram do sexo masculino, 53.8% provenientes da área urbana. 303 crianças foram avaliadas para o estado nutricional, das quais 38.6% apresentaram pelo menos um tipo de desnutrição, 2% com sobreposição dos três tipos de desnutrição e 6.3% com desnutrição aguda com baixo peso simultaneamente. Em 329 amostras de fezes testadas foram encontrados agentes patogénicos em 54.1% das amostras.

Conclusões

Houve mais casos de diarreia em crianças menores de 24 meses de idade; a desnutrição mostrou-se predominante em crianças com idade superior aos 24 meses de idade. A E. coli foi o agente mais isolado nas fezes das crianças.