A agricultura é o principal ramo de actividade, base de desenvolvimento e garantia da transformação do país. A pesquisa articula os processos de transformação social, de desenvolvimento rural e agrícola com a ideia dos Corredores de Crescimento Agrícola. Procura compreender os processos sociais que permitem vislumbrar a transformação social e agrícola no e pelo Corredor de Nacala, em Niassa. Traça o quadro da agricultura do corredor, suas características e os problemas vivenciados pelos pequenos produtores; identifica se estes sabem se são parte de um corredor, o que é, suas expectativas e como estão suas dinâmicas produtivas. A pesquisa decorreu entre 2018 e 2022. É qualitativa e ligada à abordagem de orientação participativa. Os dados foram colhidos através de revisão de literatura, entrevistas individuais e em grupo. As entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas para uma análise de conteúdo e temática. Destaca o surgimento da ideia dos Corredores de Crescimento Agrário e a sua aplicação em África. Apresenta brevemente os três principais corredores moçambicanos, destacando o de Nacala, indicando alguns investimentos e investidores agrícolas; e o caracteriza socioeconomicamente. A ideia dos corredores, como corredores de transporte, é antiga. Com a independência evoluem para Corredores de Desenvolvimento e recentemente veem se transformando em Corredores de Crescimento Agrícola. Com foco em associações de pequenos produtores, a pesquisa procura compreender as suas dinâmicas produtivas e sociais, e como elas se articulam com as narrativas que têm nos corredores uma estratégia de desenvolvimento. No trabalho da terra têm como obstáculos e dificuldades: fraco acesso aos meios mecanizados de cultivo e irrigação; fraco acesso de tecnologia, técnicas e extensão agrícola para produção; fraco acesso e uso de insumos e factores de produção; fraco acesso e uso de infraestruturas logísticas para pós-produção e pós-colheita; fraca integração ao mercado e; fraco acesso ao crédito e fontes de financiamento. Assim, a modernização e tecnificação agrícola no corredor não dialoga com os projectos individuais e colectivos das associações; estas não estão em condições de dizer que podem, vivem da agricultura, e por meio dela engendram processos transformativos para melhorar suas condições de produção e de vida.

Palavras-chave: Transformação social. Corredores de desenvolvimento. Desenvolvimento. Pequenos produtores. Niassa.