Última alteração: 2023-08-04
Resumo
Introdução e objectivos: Com o advento da pandemia da COVID-19, o uso de plantas para a prevenção e tratamento da COVID-19 foi amplamente reportado em vários países. Entretanto, estudos com esse enfoque ainda são escassos em Moçambique. Deste modo, o presente estudo teve como objectivo analisar o uso de remédios vegetais para a prevenção e tratamento da COVID-19 pelos estudantes de ensino superior da área de saúde das instituições UEM, ISCTEM e ISCISA. Adicionalmente, buscou-se analisar se o uso de remédios vegetais estava associado a variáveis sócio-demográficas e de estado de saúde dos participantes.
Metodologia: O estudo foi feito usando um questionário online criado na plataforma Google forms. O link para o questionário foi enviado para todos os estudantes via e-mail e SMS nos dias 17 e 18 de Novembro de 2022, com duração de quatro semanas para o preenchimento. A análise de dados foi feita no software STATA versão 14.2 com rescurso ao teste Qui-quadrado de Pearson. A precisão dos resultados foi confirmada por meio do teste de Likelihood, com um nível de significância estabelecido em 5% e um intervalo de confiança de 95%.
Resultados e discussão: Um total de 444 estudantes aceitaram participar do estudo, porém, apenas 394 estudantes foram elegíveis e incluídos. Um total de 313 (79,4%) estudantes afirmaram ter usado remédios vegetais para prevenir e tratar a COVID-19. Entre os 18 remédios citados, os mais frequentes para prevenir e tratar a COVID-19, respectivamente, foram a inalação do vapor das folhas do eucalipto (Eucalyptus sp.) (28,7% e 24,3%) e de limoeiro (Citrus limon) (21,8% e 16,6%). A maioria dos estudantes não teve efeitos colaterais com o uso de remédios vegetais (92,2%; n=71). Através da análise de associação estatística constatou-se que o uso de remédios vegetais estava associado as seguintes variáveis: género (p<0,001), faixa etária (p=0,036), naturalidade (p=0,0001), distrito municipal (p=0,042) e o estado de saúde dos estudantes (p<0,001).
Conclusões: A utilização de plantas medicinais como remédio para a COVID-19 é frequente entre os estudantes de saúde da cidade de Maputo. Esses achados destacam a importância de estudar e compreender as práticas populares de saúde. Os resultados também indicam a necessidade de uma maior conscientização e orientação sobre os riscos e benefícios do uso de remédios vegetais entre os estudantes de saúde, a fim de garantir uma prática clínica segura e eficaz.
Palavras-chave: plantas medicinais, COVID-19, estudantes de saúde.