Conferências UEM, XII CONFERÊNCIA CIENTÍFICA DA UEM 2023: Investigação, Extensão e Inovação no Contexto das Mudanças Climáticas

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ANATOMIA PATOLÓGICA EM PAÍSES DE BAIXOS RECURSOS: O EXEMPLO DE MOÇAMBIQUE
Eliane Carmo dos Santos Monteiro, Fabiola Fernandes, C RAKISLOVA, Mamudo Ismail, Cesaltina Lorenzoni, L MARIMON, P CASTILLO, I JONE, Tiberio GASOLINA, Luisa JAMISSE, V DELGADO, JAUME ORDI, Carla CARRILHO

Última alteração: 2023-08-05

Resumo


Introdução: O diagnóstico anatomopatológico na África sub-Saariana tem sido um desafio. A maioria dos Serviços de Anatomia Patológica (SAP) são pobremente desenvolvidos, com muito poucos patologistas treinados. Os testes diagnósticos mais complexos requerem infraestrutura avançada tornando-se inacessíveis à maioria da população desta região.

Objectivo: Descrever aa experiência e resultados de uma parceria de longa duração entre os SAP do Hospital Central de Maputo (SAP-HCM) e do Hospital Clìnic de Barcelona (SAP-HCB).

Métodos: A parceria iniciou em 1995, continuando activa há 28 anos. Compreende o treino partilhado de profissionais da área, cursos em tópicos específicos, apoio em infraestruturas, equipamento, transferência tecnológica, teleconsulta por vídeo-microscópio e sistema de teleconferência e actualmente por digitalizador de imagens histológicas, bem como a colaboração em projectos científicos.

Resultados: Cinco patologistas e residentes receberam treino no HCB. Seis residentes e técnicos de Barcelona visitaram o SAP-HCM. No SAP-HCM o número de patologistas aumentou de 3 residentes para 16 patologistas e 7 residentes, com retenção de 14 patologistas (88%). Destes, 4 tornaram funcionantes 3 novos SAP (Nampula, Quelimane e Beira). Os restantes 9 permaneceram no SAP-HCM. O sector de imunohistoquímica- manteve a actividade, com suporte do HCB. Sessões semanais usando telepatologia digital possibilitaram a consulta de casos difíceis por sub-especialistas. Finalmente, seis projectos científicos competitivos colaborativos, foram financiados neste período, resultando em 46 publicações em revistas internacionais, Doutoramentos de 3 patologistas moçambicanos e 2 espanhóis, além de uma residente moçambicana num programa de mestrado.

Conclusões: Uma colaboração estável através da abordagem por múltiplos métodos atendendo a infraestruturas e a barreiras na cadeia de serviços, treino partilhado e contínuo de recursos humanos e teleconsulta usando patologia digital, é altamente efectiva no fortalecimento laboratorial sustentável e na implementação de patologia moderna, de alta qualidade para instituições de países de baixa e média renda.

Palavras-Chave: Patologia,  parceria internacional, Moçambique-Espanha, desenvolvimento sustentável