A pesquisa centra-se na determinação do impacto social, económico e ambiental da salinidade das águas subterrâneas no Aquífero da Região do Grande Maputo em Moçambique. É também feita uma avaliação dos riscos resultantes da salinização de aquíferos à saúde humana e procura-se compreender até que ponto este fenómeno pode constituir uma barreira ao desenvolvimento das comunidades locais. Para alcançar estes objectivos, do ponto de vista metodológico foi feita uma pesquisa quantitativa e qualitativa. Esta baseou-se num inquérito (representativo) abrangendo 632 agregados familiares nos bairros seleccionados da região (Mulotana: 169, Mutanhana: 133 e Magoanine: 330) e nos resultados da simulação do modelo num cenário de 32 anos, de 2019 a 2050. O modelo foi executado em estado transiente e o balanço hídrico e as cargas hidráulicas de cada simulação foram comparados com o modelo de referência. O inquérito avaliou a situação das famílias entre os períodos 2018 e 2019 com vista a identificar mudanças no padrão de salinidade e os impactos deste fenómeno. Os dados foram processados usando o SPSS (Statistical Package for the Social Sciences) versão 25 em combinação com MS o Excel para posterior análise unidirecional e bidirecional e comparações não paramétricas.

Os resultados mostram que os impactos sociais, económicos e ambientais decorrentes da salinidade das subterrâneas variam espacialmente. Da simulação do modelo verificou-se que a salinização é uma ameaça significativa no aquífero do Grande Maputo devido à proximidade do aquífero ao oceano Índico e à crescente procura de água subterrânea pelos habitantes para abastecimento doméstico de água, irrigação e actividades industriais. Devido ao crescente problema da salinidade, os recursos de água doce do Grande Maputo estão sob extrema pressão. A produtividade dos poços da região está diminuindo. Além disso, devido às frequentes secas, os recursos hídricos subterrâneos estão sob imenso estresse.

A disponibilidade de água em quantidade e qualidade tem diminuído nos bairros onde o aquífero apresenta altos níveis de salinidade, inviabilizando a sua utilização, concorrendo para a classificação desses bairros como sem acesso, o que significa que o consumo não assegurado, o que compromete a higiene básica e dos alimentos. Ademais os agregados familiares destas áreas encontram-se numa situação de vulnerabilidade hidrosanitária, resultante das dificuldades de aquisição da água em camiões e outras fontes seguras, recorrendo como alternativa a poços comunitários. Os resultados das análises das águas desses poços mostram que a maioria apresenta mais de 100 ufc/ml na quantificação de coliformes fecais, sendo que a quantidade máxima admissível na água para o consumo humano é de 10 ufc/ml., não correspondem aos requisitos de potabilidade de acordo com o Regulamento de Água para o Consumo Humano, Diploma ministerial n˚ 180/2014 de 15 de Setembro.

Palavras-chave: Água. Salinidade de água. Impactos.