Última alteração: 2023-08-05
Resumo
Laurina CHULO¹, Ofélia NEVES¹, Manuela VIEGAS¹, Lina VILANCULO¹, Iracema BASÍLIO¹, Neybi TACULA¹, Tibério GASOLINA¹, Ivo JONE¹, Aida TIVANE¹, Venceslau MUIANE¹², Micas UAMUSSE¹, Carolina MANZOTTI³, Jaume ORDI³, Natália RAKISLOVA³, Mamudo ISMAIL¹², Y. COLLADO¹, Fabíola FERNANDES¹²
1 Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo
2 Faculdade de Medicina da Universidade Eduardo Mondlane
3 Departamento de Patologia do Hospital Clinic de Barcelona, Espanha
INTRODUÇÃO: O cancro do pénis representa 0,5% dos cancros no homem, mais frequente nos países em desenvolvimento, mais entre os 50-70 anos. Em 2020 foram diagnosticados 2009 casos novos na África Sub-Sahariana e 137 novos casos em Moçambique. A etiologia é multifactorial, sendo os mais importantes factores de risco a infecção pelo Papiloma Vírus Humano (HPV) e a falta de circuncisão. A Organização Mundial de Saúde classifica como carcinomas HPV-associados e HPV-independentes.
OBJECTIVOS: Descrever a prevalência de HPV e as características histopatológicas dos carcinomas do pénis diagnosticados no Serviço de Anatomia Patológica do Hospital Central de Maputo de 2018 a 2020.
MATERIAL E MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal descritivo observacional, com recolha retrospectiva de dados secundários. Foram incluídas todas as biópsias ou peças cirúrgicas do pénis com diagnóstico histológico de carcinoma de células escamosas. Os dados foram colhidos na base de dados do registo de cancro. A detecção de HPV por PCR e o estudo imunohistoquímico de p16 e p53 foi feito no Hospital Clinic de Barcelona.
RESULTADOS: No período do estudo foram diagnosticados 35 casos de carcinoma de células escamosas. A idade média dos pacientes foi de 50,8 anos e mínima de 26 anos. A pesquisa de HPV foi realizada em 28 casos. Destes 20(71,4%) foram classificados como HPV- associados e o HPV-16 foi o tipo mais frequente (15/20, 75%). O subtipo histológico mais frequente nos tumores HPV-associados foi o misto basaloide/verrucoso (37,9%), e nos HPV-não associados foi o queratinizante (74,4%).
CONCLUSÃO: O cancro de pénis é um problema comum em Moçambique, associado a alta prevalência de HPV. Este estudo reforça a necessidade de revisão nas políticas de prevenção primária do cancro, introduzindo-se a testagem para o HPV, e vacinação massiva a todas as pessoas sexualmente activas de ambos sexos.
PALAVRAS-CHAVE: Cancro, Pénis, HPV, Moçambique.