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A ilha de Moçambique, na província de Nampula, está, desde 1991, inscrita na Lista do Património Mundial da UNESCO, através dos critérios V e VI, sendo particularmente relevante o primeiro para a abordagem deste trabalho: “representar exemplo excecional de um tipo de construção ou de conjunto arquitetónico ou tecnológico ou de paisagem ilustrando um ou vários períodos significativos da história humana”.A ilha é testemunho de muitos séculos de história que, em cada época, deixaram marcas construídas com identidades próprias:no século XIV da Capela de Nossa Senhora do Baluarte e, pouco depois, da Fortaleza de São Sebastião, a que se seguiram a cidade de pedra e cal, na zona Norte, e a cidade de Macuti, na zona Sul.Mais tarde, em meados do século XX, surgem edifícios mistos de alvenaria de pedra e betão armado, com diversas funções: umas mais institucionais, como o Tribunal, e outras mais informais, como o cinema Nina.É todo este conjunto que importa recuperar, preservar e valorizar, conciliando a preservação dasua identidade com a sua adaptação a novas exigências de segurança e conforto incontornáveis.A atenção recai, em geral sobre a construção vernacular, na cidade de Macuti, feita com vara de mangal, terra e folha de palma, ameaçada por um processo de descaracterização que exige estudo e reflexão.Todavia, a cidade de pedra e cal e as construções emblemáticas dos primórdios do betão armado exigem igual atenção e a elas que se dedica este artigo.Faz-se, primeiro, uma caracterização sumária destas construções, com identificação dos tipos e funções mais representativos. Depois descrevem-se os materiais e as tecnologias de construção e o seu estado de conservação, identificando os principais fenómenos de degradação, tendo em vista a definição de estratégias de intervenção, atualmente objeto de estudo detalhado, nomeadamente através de uma tese de doutoramento.Palavras-chave: Ilha de Moçambique, património edificado corrente, inspeção de edifícios.