Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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O ENSINO SUPERIOR E GÉNERO EM MOÇAMBIQUE: A oferta dos cursos nas áreas técnicas e das humanidades, segundo os dados estatísticos publicados de 11 Faculdades da Universidade Eduardo Mondlane, 2005-2015
Josefina Daniel

Última alteração: 2018-08-16

Resumo


  1. 1. Objectivos

1.1 Geral

Apresentar os números de estudantes matriculados nos  cursos de áreas técnica e das humanidades, de acordo com a classificação da Universidade Eduardo Mondlane, plasmada no Regulamento de Organização e Funcionamento do Conselho Académico (2000).  Os dados estatísticos em análise referem-se á onze faculdades da Universidade Eduardo Mondlane,  situados entre 2005-2015.

 

1.2 Objectivos específicos

  • Fazer uma breve descrição do ponto da situação dos cursos médios técnicos em Moçambique;
  • Identificar os cursos das áreas  técnicas oferecidos pela UEM no período em referência;

 

  • Identificar os cursos da área das humanidades no rol dos cursos oferecidos pela UEM;

 

  • Identificar as cinco áreas científicas da UEM preconizadas pelo Regulamento de Organização e Funcionamento do Conselho Académico (2000);

 

  • Enquadrar os cursos oferecidos pelas 11 faculdades da UEM nas 5 áreas científicas plasmadas no Regulamento do Bullet anterior, para aferir quantos estudantes estiveram matriculados, (i) nas áreas técnicas e, (ii) nas áreas das humanidades, no período em referência;

 

  • Entender os dados estatísticos de onze faculdades da UEM no período em referência quanto ao género, isto é, quantas mulheres e quantos homens estiveram matriculados nos cursos das áreas tácnicas  e  quantas mulheres e quantos homens estavam matriculados na área das humanidades.

 

  1. 2. Metodologia

A metodologia seguida para a prossecução dos objectivos preconizados no presente estudo consistiu na consulta de literatura para a compreensão de aspectos ligados á questão de cursos oferecidos nas áreas de humanidades e técnicas noutros contextos do mundo. Com essa consulta de literatura, por exemplo, foi possível perceber que as mudanças económicas, políticas e sociais vividas pelo Brasil ainda não encontraram, de certo modo, eco na estrutura de serviços oferecidos pelas universidades e demais estabelecimentos de ensino superior. O perfil da oferta de cursos e habilitações e a concentração da maioria dos alunos em apenas doze cursos, muitos dos quais – não sendo prioridade em termos de desenvolvimento ancional- oferecidos em detrimento de outros, apesar de estratégicos, apresentam ociosidade de vagas, tornaram urgente um repensar deste nível de ensino. Esse repensar diz respeito á diversificação da oferta diante dos novos desafios do desenvolvimento nacional e do processo de expansão, á estrutura e organização do processo formativo e, por fim, á qualidade do produto, traduzido em profissionais graduados nas diferentes áreas do conhecimento, pesquisa, estudos e avanços científicos e tecnológicos. Em 1994, o sistema do ensino superior brasileiro oferecia mais de 5 mil cursos  superiores de graduação, mais de 500 mil vagas e com um alunato equivalente a 1,6 milhões, graduando anualmente mais de 240 mil novos profissionais. Este sistema, como uma árvore frondosa, apresenta maior concentração e expensão de cursos, vagas e saídas na área de humanidades e ciências sociais aplicadas.

Com a consulta de literatura foi, também, possível, perceber que a Estratégia Nacional de Desenvolvimento, 2015-2035, de Moçambique, preconiza a implementação de formação massiva de quadros médios e superiores em áreas técnicas e cursos profissionalizantes dentro e fora do País, tendo em conta as necessidades imediatas e os desafios que se colocam ao desenvolvimento. [...]. Assim, reconhecendo que Moçambique tem, actualmente, um número insuficiente de profissionais, sobretudo nas áreas técnico-profissionais, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento, 2015-2035 recomenda, no âmbito da filosofia da industrialização do País, entre outras subacções,  (i) a expansão do projecto de educação superior, ciência e tecnologia de Moçambique para aumentar o número de licenciados com formação na área de ciências exactas e tecnológicas e, (ii) desenvolver uma política de formação técnica pública que dê resposta aos desafios de competitividade do País, com uma forte incidência nas ciências exactas e tecnológicas e sistemas de informação e actividade comercial

Assim, a Estratégia Nacional de Desenvolvimento, 2015-2035, de Moçambique, no âmbito de mecanismos da operacionalização das áreas prioritárias prevê, através da sua Matriz de Indicadores e Metas de Desenvolvimento, passar a taxa de aproveitamento do Ensino Técnico-Profissional dos actuais 27% para 70%, em 2035. No que toca ao Ensino Superior, pretende que o número de estudantes do Ensino Superior passe dos actuais 3/1000 habitantes para 7/1000 habitantes em 2035.

A consulta de Relatórios Anuais de Actividades da UEM constatou que a Faculdade de Letras e Ciências Sociais é a unidade académica com mais estudantes novos ingressos relativamente aos cursos de ciências, de engenharia (Gabinete de Planificação, 2008:11; Gabinete de Planificação, 2009:10; Gabinete de Planificação, 2010:12). É tendo em conta aos aspectos aqui apresentados que se coloca a seguinte questão: qual é, então, o ponto da situação da Universidade Eduardo Mondlane no tocante ás áreas das humanidades e técnicas, no período em estudo? Estudantes de que áreas (humanidades, técnicas) ingressam mais na Instituição?

A consulta feita ao Regulamento de Organização e Funcionamento do Conselho Académico (2000) permitiu que fossem identificadas as áreas científicas, tendo, então, sido possível, enquadrar os dados estatísticos de estudantes matriculados nessas cinco áreas cientificas.

A publicação bilingue denominada “Estatísticas”, produzida pelo Gabinete de Planificação – UEM, forneceu os dados do período em estudo (2005-2015). Com esses dados, de estudantes matriculados, foi possível gerar os números, de acordo com os objectivos preconizados. Assim, são seguintes os passos para a geração de dados até ao resultado esperado:

  1. 1. Os dados estatísticos foram identificados e organizados na planilha excel, conforme o período em referência;
  2. 2. Obteve-se os números totais de estudantes matriculados por Faculdade/ ano;

Com os dados de estudantes matriculados por ano, por Faculdade, foi possível identificar em que áreas  científicas  da UEM enquadrar esses dados;

Assim, no fim do estudo, conseguiu-se inserir os dados estatísticos das faculdades nas cinco áreas científicas da UEM.

Resultados esperados

Os resultados da pesquisa com os números de estudantes matriculados nas 11 faculdades da UEM, no período entre 2005-2015, apresentaram os seguintes cenários:

1. Área das Ciências Naturais Exactas (Cursos de Faculdade de Ciências), com 37659 estudantes matriculados;

2. Área das Ciências Sociais e Humanas (Cursos de Faculdades de Direito, Economia, Educação e Letras, com 133814 estudantes matriculados;

3. Área das Ciências Veterinárias e Agro-Florestais (Cursos de Faculdades de Veterinária e Agronomia e Engenharia Florestal), com 15936 estudantes matriculados;

4. Área das Ciências Médicas (Cursos da Faculdade de Medicina, com 14444 matriculados;

5. Área das Ciências de Tecnologia e Arte (Cursos das Faculdades de Arquitectura e Planeamento Físico e Engenharia, com 39799 estudantes matriculados.

Os dados das cinco áreas científicas indicam que a área das Ciências Sociais e Humanas é a que apresentou o maior número de estudantes matriculados nos três graus académicos conferidos pela UEM: Licenciatura, Mestrado e Doutoramento, com 133814 estudantes, no total de 244155 estudantes matriculados na Instituição, entre 2005-2015. Seguiu-se depois a área das Ciências de Tecnologia e Arte, com 39799 estudantes e a área das Ciências Naturais e Exactas com 37659 estudantes matriculados. Esse cenário parece não sintonizar com a visão que preconiza mais estudantes nas áreas de ciências e tecnológicas. È de frisar que os totais das áreas das ciências naturais e exactas e da área das ciências de tecnologia e arte não chegam a “fazer face” ao número total de estudantes matriculados na área das ciências sociais e humanas.

 

A complexidade, no entanto, de organização de dados, não permitiu que se fizesse a análise desses dados nas cinco áreas científicas da UEM segundo o género. Esse trabalho está ainda em curso. Assim, no fim desse trabalho, será possível saber quantas mulheres e quantos homens estavam matriculados em cada uma das cinco áreas científicas da UEM, entre 2005-2015.