Conferências UEM, X CONFERÊNCIA CIENTÍFICA 2018 "UEM fortalecendo a investigação e a extensão para o desenvolvimento"

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DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E DESENVOLVIMENTO RURAL NO CONTEXTO DE POBREZA EM MOÇAMBIQUE
Cláudio Artur Mungói

Última alteração: 2018-08-15

Resumo


A problemática do artigo circunscreve-se a incorporação à realidade moçambicana do discurso sobre o desenvolvimento sustentável numa região marcada pela pobreza absoluta. Nesta perspectiva, a questão que se coloca circunscrevesse no entendimento das possibilidades prácticas de efectivação de um desenvolvimento sustentável em Moçambique dentro do quadro teórico “ocidentalizado” e que lhe dá sustentação. Ou seja, dentro de uma lógica capitalista, que ao invés de contemplar apenas a dimensão economicista, estende o seu leque às questões voltadas a dimensão ambiental, mas sem com isso perder a sua lógica e os seus fundamentos de reprodução.

 

Pretende-se fazer uma análise crítica da noção de desenvolvimento sustentável com base na análise de algumas particularidades próprias de um país e de uma região ainda dominada pela pobreza absoluta.

 

Também se assume que a pobreza em Moçambique é um fenômeno generalizado, mas predominantemente rural. Mais de metade da população do país vive abaixo da linha da pobreza, sendo os níveis mais acentuados nas áreas rurais, onde a maior parte da população vive dependente da práctica da agricultura em pequenas explorações familiares de onde obtêm directamente os seus rendimentos.

 

Nesta perspectiva, um dos objectivos do presente artigo é de apresentar uma interpretação teórica e prática sobre a relação entre o desenvolvimento sustentável e o desenvolvimento rural em condições de pobreza numa região dominada pela agricultura de subsistência e pelo estabelecimento de um grande empreendimento hidroelétrico concebido pelo Estado como locomotiva para o desenvolvimento da região que é a barragem de Cahora Bassa, na bacia do Zambeze.

 

A bacia do Zambeze ocupa uma área de 225.000 km2 (cerca de 27,7% da superfície do país), com uma população de 3,775 milhões de habitantes (25% da população moçambicana) e integra quatro províncias do centro do país: Tete, Manica, Sofala e Zambézia, dos quais 56% da população dessas províncias se encontram ao longo do Vale. Em relação à África Austral, a bacia representa a maior reserva de água do sub-continente; a maior reserva de energia renovável; a maior reserva de carvão de coque, a região de maior potencial agrícola, em termos de vastidão de terras e de qualidade. Para além destas características merece referência a sua elevada potencialidade hidroelétrica. Por estas razões naturais traduzidas em potencialidades de desenvolvimento, a bacia do Zambeze reúne condições naturais para se tornar num dos maiores motores do desenvolvimento do país e da África Austral (GABINETE DO VALE DO ZAMBEZE, 2003).

Palavras-chave: Desenvolvimento, pobreza, sustentabilidade.