Última alteração: 2018-08-16
Resumo
As áreas protegidas são a base da conservação in situ da biodiversidade. Em Moçambique contudo, uma parte delas abrangem terras marginais para a conservação da biodiversidade. Num cenário de escassez de recursos financeiros para a sua gestão, as mesmas ficam comprometidas no seu propósito fundamental. Neste estudo avaliamos cenários de seleção de espécies-chaves para maximizar a conservação da biodiversidade dos vertebrados em Moçambique. Avaliamos simultaneamente se a actual Rede Nacional de Áreas de Conservação (geridas exclusivamente pelo estado Moçambicano) protege cabalmente a fauna bravia. Finalmente, numa análise de lacunas, identificamos áreas prioritárias para conservação da biodiversidade no país que estão atualmente fora da RNAC.
Modelamos a distribuição das espécies abrangidas pelos censos da fauna bravia a partir de modelos Maxent. Do conjunto de espécies consideradas foram construídos cenários de conservação para cinco espécies-chave a partir do método de zonamento Marxan e posteriormente avaliada a efetividade de conservação de toda a fauna. O resultado dos melhores cenários de conservação foram confrontamos com a rede fundamental de Áreas de Conservação.
Os resultados indicam que foram alcançados os targets de conservação para todas as espécies-chave e que a sua conservação garante por inerência geográfica a proteção das restantes espécies. O desenho atual da Rede das Áreas de Conservação não é o mais eficiente tendo em consideração estratégias de otimização de recursos e minimização da área abrangida. Foram identificadas áreas fora da RNAC com grande potencial conservação da fauna bravia.
Conclui-se que o atual desenho da RNAC é ineficiente para a conservação do conjunto das espécies de fauna-bravia e que mais áreas devem ser declaradas para a conservação da biodiversidade em Moçambique.