Quitéria Napote, Carvalho Madivate, Herminio Muiambo e Arão Manhique

Para além do seu uso como matéria prima para a produção de tijolos e outros materiais de construção, as argilas têm uma grande gama de propriedades que ditam a sua aplicação em muitas outras áreas da ciência e tecnologia. Uma das áreas que vem merecendo uma atenção especial nas últimas décadas é a área da saúde e estética. As propriedades que tornam os minerais argilosos apropriados para aplicações em saúde e estética são basicamente a sua elevada superfície específica, a elevada capacidade adsortiva, a grande capacidade de troca catiónica, a não reactividade e a toxicidade nula ou baixa. De entre as aplicações das argilas na saúde, descritas na literatura, incluem-se problemas reumáticos, artrites, traumas osseo-musculares, a purificação do sangue, problemas de infecções e o tratamento de úlceras, o uso como antiséptico, anticicatrizante e até problemas de ingestão de substâncias tóxicas. Apesar destes efeitos as argilas na natureza apresentam-se acompanhadas de minerais acessórios e outras impurezas que não permitem o seu uso directo na saúde. Assim o presente trabalho pretende desenvolver um procedimento que permite recuperar a fracção argilosa com interesse para aplicação na saúde e cosmética.

As argilas foram suspensas em água e agitadas durante 24 horas e depois permitidas sedimentar por um período de 24 horas. Após este período recolheu-se o líquido sobrenadante e levou-se a secagem, para obter a fracção argilosa. Para a optimização deste processo foram analisados os parâmetros como tempo de agitação, temperatura de agitação, rácio líquido/sólido e a adição de coadjuvantes. Os resultados obtidos mostram que se pode recuperar cerca de 60% da fracção argilosa usando a 25 °C, por 3 horas a 500 rpm e um rácio sólido/líquido de 7:50 em massa. A adição de coadjuvantes não produziu alterações significativas.

Palavras chaves: Argilas, minerais argilosos, lixiviação, optimização