A adopção do neoliberalismo nos finais da década de 80 em Moçambique que abriu espaço para uma maior intervenção de outros actores para além do Estado conduziu a uma massificação do ensino a partir da década de 90 (Castiano & Ngoenha, 2013). Do mesmo modo, a questão das desigualdades de género no ensino emerge com certo destaque nas novas politicas educativas do país. Estudos sugerem que a abertura e expansão do sistema educativo nem sempre se acompanha com uma redução das desigualdades (Duru-Bellat & Van Zanten, 2013). Esta comunicação tem por objectivo analisar os factores que influenciam de forma diferenciada a orientação escolar de homens e mulheres pelos ramos de formação dos estudantes do ensino superior em Moçambique. A comunicação baseia-se numa pesquisa em curso no âmbito de uma formação doutoral em Ciências de Educação. A metodologia consistiu na administração de um questionário e entrevistas semi-estructuradas a estudantes de duas escolas secundárias e duas universidades, públicas e privadas sediadas na Cidade de Maputo. Os resultados preliminares sugerem que as desigualdades entre homens e mulheres na orientação escolar pelos ramos de formação no ensino superior em Moçambique estão relacionadas a factores institucionais e socioculturais. Encontramos diferenças nos processos que influenciam as decisões dos estudantes em função dos recursos disponibilizados pelas instituições, assim como em função da sua origem social dos estudantes. Concluimos que apesar do aumento exponencial da população estudantil, as desigualdades de género nos ramos de formação no ensino superior persistem. Estas resultam de uma combinação complexa de factores: a socialização familiar diferenciada em função dos sexos,  as expetactivas construidas sobre as profissões, as percepções sobre capacidades pessoais para fazer um curso ou exercer uma certa profissão, as prácticas de orientação escolar a nivel dos estabelecimentos do nível secundário.

Palavras-chave: ensino superior; desigualdades de género; orientação escolar